ATA DA SEXAGÉSIMA SESSÃO
ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA
LEGISLATURA, EM 14.08.1998.
Aos quatorze dias do mês de
agosto do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário Otávio
Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove
horas e quinze minutos foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos
Vereadores Adeli Sell, Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Gerson
Almeida, Guilherme Barbosa, João Carlos Nedel, João Dib, Juarez Pinheiro, Luiz
Braz, Paulo Brum, Renato Guimarães e Tereza Franco. Ainda, durante a Sessão,
compareceram os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Clovis Ilgenfritz, Décio
Schauren, Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Hélio Corbellini, Henrique Fontana,
Isaac Ainhorn, João Motta, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila,
Pedro Ruas, Sônia Santos e Sebastião Melo. Constatada a existência de
"quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e
determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Qüinquagésima Oitava
Sessão Ordinária que, juntamente com as Atas da Qüinquagésima Sétima Sessão
Ordinária e da Vigésima Quarta e da Vigésima Quinta Sessões Solenes, deixou de
ser votada face à inexistência de "quorum" deliberativo. À MESA foram
encaminhados: pela Vereadora Anamaria Negroni, 02 Pedidos de Providências; pelo
Vereador Cláudio Sebenelo, 01 Pedido de Providências; pela Vereadora Clênia
Maranhão, 02 Pedidos de Providências e o Projeto de Lei do Legislativo nº
115/98 (Processo nº 2402/98); pelo Vereador Reginaldo Pujol, 01 Pedido de
Providências. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 467/98, do Senhor Ulysses
Cesar de Melo, Subsecretário de Assuntos Administrativos do Ministério da
Cultura; 2761 e 2769/98, da Senhora Iara Leite, do Gabinete da Casa Civil do
Estado/RS; s/nº, do Senhor Cláudio Ávila da Silva, Diretor-Presidente das
Centrais Elétricas do Sul do Brasil S.A. - ELETROSUL. A seguir, constatada a
existência de "quorum", o Senhor Presidente concedeu a palavra ao
Senhor Gerson Buss, representante da Comissão de Luta pela Efetivação do Parque
Estadual de Itapoã - CLEPEI, que discorreu acerca dos objetivos da Entidade que
representa, analisando, em especial, a influência do II Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano e Ambiental de Porto Alegre sobre o meio ambiente do
Município e o projeto "Macacos Urbanos", desenvolvido pela Secretaria
Municipal do Meio Ambiente e pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Também, procedeu à entrega de material contendo informações referentes aos
assuntos abordados em Tribuna Popular. Na oportunidade, o Vereador Gerson
Almeida formulou Requerimento verbal solicitando, em nome da Comissão de Saúde
e Meio Ambiente, que cópias do material entregue pelo Senhor Gerson Buss sejam
encaminhadas à Comissão Técnica Especial do II Plano Diretor de Desenvolvimento
Urbano e Ambiental de Porto Alegre. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram:
em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 94 e 97/98, este discutido
pelos Vereadores Renato Guimarães e Guilherme Barbosa, os Projetos de Lei do
Executivo nºs 21 e 24/98; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs
59, 73, 93, 98/98, este discutido pelos Vereadores Renato Guimarães e Guilherme
Barbosa, 100 e 102/98, este discutido pelo Vereador João Carlos Nedel, os
Projetos de Lei do Executivo nºs 23/98, este discutido pelos Vereadores João
Dib, Adeli Sell, João Carlos Nedel, Renato Guimarães e Guilherme Barbosa, e
25/98, este discutido pelos Vereadores João Dib e Guilherme Barbosa. Na
ocasião, o Vereador Clovis Ilgenfritz formulou Requerimento verbal solicitando
seja buscada comunicação oficial do Tribunal Regional Eleitoral, acerca do uso,
durante as Sessões da Casa, de "bottons" com propaganda política,
tendo o Vereador Isaac Ainhorn manifestado-se acerca do assunto e tendo os
Vereadores Cláudio Sebenelo e Elói Guimarães formulado Requerimentos verbais
solicitando maiores esclarecimentos sobre a questão e que as informações a
serem buscadas junto ao Tribunal Regional Eleitoral abranjam também demais
normas constantes da legislação eleitoral vigente no País. Em COMUNICAÇÃO DE
LÍDER, o Vereador Isaac Ainhorn, afirmando que o Centro de Porto Alegre
constitui-se "um dos mais belos centros históricos do País", teceu
considerações acerca dos Projetos de Lei do Legislativo nºs 97 e 98/98, de sua
autoria, que determinam a abertura dos portões do Mercado Público Central aos
domingos e criam o Brique do Largo Glênio Peres. O Vereador Paulo Brum
discorreu acerca da importância da cadeira de rodas para o deficiente físico,
manifestando preocupação da Federação Rio-Grandense de Entidades de Deficientes
Físicos, quanto à possibilidade de que o Governo Estadual, ao adquirir cadeiras
de rodas para distribuição à comunidade carente, o faça através de processo
licitatório, o qual, por basear-se no menor preço, não viabiliza a compra do
equipamento mais adequado. O Vereador Sebastião Melo registrou a aprovação,
pelo Congresso Nacional, de lei que classifica como crime hediondo a
falsificação de medicamentos. Comentou o Projeto "Piá 2000", o qual é
integrado pelos Programas do Leite e de Renda Mínima, criticando o Executivo
Municipal pela falta de receptividade demonstrada a esse Projeto. O Vereador
Renato Guimarães discorreu sobre o encaminhamento dado pelo Governo Estadual ao
Projeto "Piá 2000". Também, analisou o processo de privatizações
vigente no País, questionando a destinação final dos recursos oriundos destas
privatizações. O Vereador Antonio Hohlfeldt falou sobre a destinação dada pelos
Governos Estadual e Federal aos recursos oriundos com privatizações. Apoiou o
Programa de Renda Mínima gestionado em Porto Alegre pelo Governo Estadual.
Ainda, referiu-se a críticas recebidas do Vereador Clovis Ilgenfritz, dia dez
de agosto do corrente, face a seus posicionamentos quanto aos vazios urbanos de
Porto Alegre. O Vereador Carlos Garcia teceu considerações acerca da reportagem
"Lei propõe reserva de mercado musical", publicada hoje no Jornal
Zero Hora, relativa à aprovação, pela Casa, do Projeto de Lei do Legislativo nº
218/97, de sua autoria, que dispõe sobre a abertura de "shows"
internacionais que ocorrerem no Município de Porto Alegre. O Vereador João Dib
analisou o Projeto de Lei do Executivo nº 23/98, que autoriza o Departamento
Municipal de Água e Esgotos - DMAE a efetuar operação de crédito com o Banco do
Estado do Rio Grande do Sul, relatando os motivos pelos quais é contrário ao
emprego, pelo DMAE, de empresa nordestina para prestação de serviços em Porto
Alegre. Também, criticou o uso de "cartas-contrato" para contratação
de servidores pelo Executivo Municipal. Na oportunidade, o Vereador Adeli Sell
formulou Requerimento verbal, solicitando fossem encaminhadas à Comissão de
Constituição e Justiça cópias das notas taquigráficas do pronunciamento do
Vereador João Dib, em Comunicação de Líder, para Parecer acerca das questões
ali colocadas por Sua Excelência, Requerimento este deferido pelo Senhor
Presidente, após anuência do Orador. Ainda, o Vereador Nereu D'Ávila registrou
ter desaparecido de sua tribuna uma imagem de Santo Antônio, de sua
propriedade, tendo o Senhor Presidente informado que tal imagem já foi
localizada pelos funcionários da Casa, devendo ser entregue a Sua Excelência. A
seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO
DIA e aprovados Requerimentos dos Vereadores José Valdir e Antônio Losada,
solicitando Licenças para Tratar de Interesses Particulares, no dia de hoje,
tendo o Senhor Presidente declarado empossados na vereança os Suplentes
Maristela Maffei, em substituição ao Vereador José Valdir, e Cyro Martini, em
substituição ao Vereador Antônio Losada, informando que Suas Excelências
integrarão, respectivamente, a Comissão de Educação, Cultura e Esportes e a
Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação. Após, foi aprovado
Requerimento verbal do Vereador Juarez Pinheiro, solicitando alteração na ordem
de votação da matéria a ser apreciada, tendo o Vereador Antonio Hohlfeldt
manifestado-se acerca deste Requerimento, solicitando informações quanto à
matéria por ele abrangida. Foram aprovados Requerimentos do Vereador João Dib,
solicitando que o Projeto de Lei do Executivo nº 23/98 (Processo nº 2263/98)
seja considerado em regimento de urgência e submetido à reunião conjunta de
Comissões Permanentes e solicitando renovação de votação do Projeto de Lei do
Legislativo nº 60/94 (Processo nº 1019/94). Foi rejeitado Requerimento do
Vereador Jocelin Azambuja, solicitando renovação de votação do Projeto de Lei
Complementar do Executivo nº 01/98 (Processo nº 871/98), por doze votos SIM,
quatorze votos NÃO e uma ABSTENÇÃO, após ser encaminhado à votação pela
Vereadora Maria do Rosário, em votação nominal solicitada pelo Vereador Juarez
Pinheiro, tendo votado Sim os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Carlos Garcia,
Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Eliseu Sabino, Hélio Corbellini, João Carlos
Nedel, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Sônia Santos, Tereza Franco e Sebastião Melo,
votado Não os Vereadores Adeli Sell, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Gerson
Almeida, Guilherme Barbosa, Henrique Fontana, João Dib, João Motta, Juarez
Pinheiro, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Renato Guimarães, Cyro Martini e
Maristela Maffei e tendo optado pela Abstenção o Vereador Elói Guimarães. Na
oportunidade, a Vereadora Clênia Maranhão formulou questionamentos acerca deste
Requerimento. Após, foi aprovado Requerimento do Vereador Reginaldo Pujol,
solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares, no dia de hoje,
tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Gilberto
Batista, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Constituição e
Justiça. Também, foi apregoado Requerimento da Vereadora Anamaria Negroni,
solicitando Licença para Tratamento de Saúde, no dia de hoje, tendo o Senhor
Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Nede Soares, informando
que Sua Excelência integrará a Comissão de Urbanização, Transportes e
Habitação. Foi rejeitado Requerimento do Vereador João Dib, solicitando
renovação da votação do Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 05/96
(Processo nº 870/96), por oito votos SIM, dezesseis votos NÃO e quatro
ABSTENÇÕES, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Guilherme Barbosa e
João Dib, em votação nominal solicitada pelo Vereador Guilherme Barbosa, tendo
votado Sim os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo,
Hélio Corbellini, João Carlos Nedel, João Dib, Nereu D'Ávila e Gilberto
Batista, votado Não os Vereadores Adeli Sell, Clovis Ilgenfritz, Décio
Schauren, Elói Guimarães, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Henrique Fontana,
João Motta, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Pedro Ruas,
Renato Guimarães, Cyro Martini, Maristela Maffei e Nede Soares e optado pela
Abstenção os Vereadores Clênia Maranhão, Eliseu Sabino, Sônia Santos e
Sebastião Melo. Foram votados conjuntamente e aprovados Requerimentos do
Vereador Nereu D'Ávila, solicitando retirada de tramitação do Substitutivo nº
01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 54/91 (Processo nº 947/91) e o
encaminhamento deste Projeto à Comissão de Constituição e Justiça da Casa, para
novo Parecer, tendo em vista a Resolução nº 2301, após terem sido encaminhados
à votação pelos Vereadores Nereu D'Ávila e Maria do Rosário. Foi aprovado o
Requerimento nº 183/98 (Processo nº 2491/98 - solicita a destinação do período
de Grande Expediente da Sessão Ordinária do dia trinta e um de agosto do
corrente para homenagear o Senhor Adaucto Vasconcellos), de autoria da Mesa
Diretora, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Luiz Braz, Pedro
Ruas, Tereza Franco, João Motta, João Dib, Gilberto Batista e Cláudio Sebenelo.
Às doze horas e vinte e sete minutos, constatada a inexistência de
"quorum", o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos,
convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima
segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos
Vereadores Luiz Braz e Isaac Ainhorn e secretariados pelo Vereador Juarez
Pinheiro. Do que eu, Juarez Pinheiro, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a
presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim
e pelo Senhor Presidente.
O
SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Passamos
à
O Sr. Gerson Buss está com a
palavra, representando a Comissão de Luta pela Efetivação do Parque Estadual de
Itapuã, CLEPEI, pelo tempo regimental de 10 minutos.
O
SR. GERSON BUSS: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, sou biólogo e membro da Comissão de Luta pela
Efetivação do Parque Estadual de Itapuã, CLEPEI, uma entidade que existe há 13
anos e que é a representante das entidades ecológicas da Região Metropolitana
no Conselho Municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre.
Por que solicitamos este
espaço?
A CLEPEI participou da Câmara Técnica de Análise do Plano Diretor no COMAM e o nosso interesse é chamar a atenção para a preservação das áreas naturais ainda existentes na Zona Sul do Município de Porto Alegre, principalmente baseados nos dados técnicos do Projeto Macacos Urbanos, que vem sendo desenvolvido pela UFRGS. Este projeto vem estudando a ocorrência do bugio-ruivo, primata ameaçado de extinção que ainda existe no Município. O projeto foi desenvolvido em convênio com o Departamento de Zoologia da UFRGS e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
A contribuição principal é
ver em quais áreas de Porto Alegre ainda existe o bugio, que, como já falei, é
uma espécie de primata que está ameaçada de extinção, que é característico da
Mata Atlântica, e ainda tem outra importância cultural no Estado, pois é parte
integrante do nosso folclore.
Por que preservar os bugios?
Por que preservar esta espécie ameaçada de extinção?
A existência do bugio em
Porto Alegre é um indicador da qualidade dos ambientes que ainda temos na Zona
Sul. Se formos pensar, que outro município, com uma população de 1.200.000
habitantes, ainda tem o privilégio de ter, na sua área, locais como o Morro São
Pedro, Morro da Extrema ou matas de restinga do Lami, que são as áreas onde se
pode encontrar não só o bugio, que está ameaçado de extinção, mas também a
lontra e outros animais silvestres, que em muitos outros locais já
desapareceram? Preservando o bugio, nós estaremos preservando as matas e as
áreas da Região Sul, bem como todos os animais que vivem nessas áreas.
Por isso é que a nossa
campanha tem sido pela preservação dessa espécie. Como os bugios vivem nas
encostas dos morros e nas matas ciliares das planícies, preservando-se o bugio
preservaremos também, dessa forma, os mananciais de água. Do ponto de vista
econômico, gastaríamos muito menos para preservar o bugio do que podemos vir a
gastar no futuro, tentando minimizar as conseqüências da destruição das áreas
em que ele vive.
O que está acontecendo hoje
é uma tendência de crescimento em direção à Zona Sul, que é, justamente, a zona
rural de Porto Alegre, e, acabando-se com a zona rural, pode-se acarretar
problemas, como a elevação de custos na produção de alimentos, que terão que
ser buscados mais longe, e outras questões.
O ponto principal da questão
é o Plano Diretor, que está em discussão na Câmara. No nosso entendimento esse
Plano dá uma ênfase muito maior na urbanização, enquanto está tratando
superficialmente as questões ambientais. Um exemplo dessa tendência é a
proposta do plano do corredor agroindustrial que, ao invés de passar pela área
de produção agrícola, está sendo proposto para a área entre o Morro São Pedro e
o Morro da Extrema, que é uma das áreas mais bem preservadas do Município.
Durante o trabalho de campo
que desenvolvemos no levantamento das áreas de ocorrência do bugio em contato
com a população, a população do local, a comunidade da Zona Sul mostrou-se
muito preocupada com as mudanças que podem vir com as propostas do PDDUA e um
desejo forte de manutenção da característica rural dessa região.
E, em se transformando a atual área rural
de Porto Alegre em área urbana, como ficará a questão dos incentivos para preservação?
Como ficará? O Município irá considerar o Morro São Pedro um grande vazio
urbano, como o IPTU de valor progressivo? Essa alteração de rural para o urbano
vai resultar no parcelamento de todas as grandes áreas naturais ainda
existentes e na extinção das espécies de plantas e animais silvestres do
Município?
Gostaríamos que o PDDUA
tivesse como diretriz para a Região Sul o respeito às características naturais
dessa região, onde se desenvolvam atividades de produção agrícola, ecoturismo e
outras formas de desenvolvimento econômico compatíveis com a preservação do
ambiente natural.
Encerrando, queremos
entregar aos Srs. Vereadores um material contendo informações sobre o Projeto
Macacos Urbanos e, principalmente, as deliberações do COMAM, resultantes da
análise do PDDUA. E nos colocamos à disposição para aprofundar as questões aqui
levantadas. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Eu
pergunto se alguma Liderança deseja manifestar-se a respeito do assunto.
O
SR. GERSON ALMEIDA (Requerimento): Sr.
Presidente, eu quero, em nome da Comissão do Meio Ambiente, presidida pelo Ver.
Renato Guimarães, informar ao Plenário que nós já fizemos uma audiência da
entidade que acabou de usar a Tribuna Popular. Como a Associação está inscrita
no Fórum de Entidades para discutir o Plano Diretor, o seu estudo, oriundo de
um convênio entre a Prefeitura e a Universidade Federal, demonstrou a
existência de vários bandos e outras espécies silvestres, e, como a discussão
que está na Casa tem influência na preservação ou não do habitat onde esses
bandos ainda existem, eu sugiro que a Comissão que estuda o Plano Diretor da
Casa pudesse receber a documentação exposta pelo Sr. Gerson, e, eventualmente,
possa ser convidado para apresentar, com mais detalhes, as suas considerações,
já que existe uma proposta alternativa, inclusive de traçado, para alguns
pontos do Plano.
O
SR. PRESIDENTE: É boa a
alternativa de V. Exa., Ver. Gerson Almeida, e eu solicito que a nossa
Diretoria Legislativa receba esses documentos para encaminhá-los à Comissão do
Plano Diretor da Casa. Eu acredito que a proposta de V. Exa., de que esse
contato seja feito através da Comissão do Plano Diretor e também através da
Comissão de Meio Ambiente, possa ser tratado no mais alto nível possível.
Passamos à
1ª
SESSÃO
PROC.
1998/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 094/98, de autoria do Ver. José Valdir, que
altera a Lei Municipal nº 7111, de 08 de julho de 1992, que institui a “Semana
Farroupilha” no Município de Porto Alegre e dá outras providências.
PROC.
2107/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 097/98, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que
determina a abertura dos portões do Mercado Público Central aos domingos e dá
outras providências.
PROC.
2142/98 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 021/98, que autoriza alienação de próprio
municipal.
PROC.
2264/98 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 024/98, que altera o art. 1º da Lei nº 7092, de
19 de julho de 1992, que denomina Praça Zamprogna um logradouro público situado
no Bairro Humaitá, e dá outras providências.
2ª
SESSÃO
PROC.
1349/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 059/98, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que
denomina Largo “35” CTG, “O Pioneiro”, o espaço vazio compreendido pela
bifurcação da Rua Dr. Salvador França com a Av. Ipiranga, no Bairro Jardim
Botânico.
PROC.
1588/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 073/98, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que
denomina Largo Cavaleiros da Paz o espaço localizado na Av. Loureiro da Silva,
entre a Av. Edvaldo Pereira Paiva e o prédio da Câmara Municipal de Porto
Alegre, autoriza construção de monumento às tradições gaúchas e dá outras
providências.
PROC.
1968/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 093/98, que denomina Rua Lygia Tatsch Rothmann
um logradouro público localizado no Bairro Jardim Itu-Sabará.
PROC.
2108/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 098/98, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que
cria o Brique do Largo Glênio Peres e dá outras providências.
PROC.
2122/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 100/98, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que
denomina Rua José Bastide um logradouro público localizado no Bairro Belém
Novo.
PROC.
2141/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 102/98, de autoria do Ver. João Carlos Nedel,
que denomina Praça Monsenhor Avelino Dalla Vecchia um logradouro público
localizado no Bairro Partenon.
PROC.
2263/98 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 023/98, que autoriza o Departamento Municipal
de Água e Esgotos a contratar operação de crédito com o Banco do Estado do Rio
Grande do Sul – BANRISUL, como órgão gestor do Fundo de Desenvolvimento do
Programa Integrado de Melhoria Social – FUNDOPIMES, e dá outras providências.
PROC. 2323/98 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 025/98, que cria cargos na Fundação de Educação Social e Comunitária – FESC e dá outras providências. (Monitor)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
João Dib está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. JOÃO DIB: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, na Pauta do dia de hoje, o Projeto de Lei do
Executivo que autoriza o Departamento Municipal de Água e Esgotos a contratar
operação de crédito com o Banco do Estado do Rio Grande do Sul. Em seu art. 1º
diz que fica o DMAE autorizado a contratar o BANRISUL numa operação de crédito
de até 13 milhões de reais. Desses 13 milhões, 9 milhões 750 mil serão
financiados e três milhões 250 mil serão do DMAE.
É, sem dúvida alguma, uma
obra meritória que vem sendo perseguida pelas administrações. Desde a
Administração Telmo Thompson Flores que se tenta implantar o esgoto cloacal em
toda a Cidade e, paulatinamente, vai ocorrendo, porque são obras muito caras,
evidentemente, e de difícil execução. Este Projeto de Lei do Executivo tem o
integral apoio da minha bancada. E isso é tão verdade, que vamos pedir urgência
para o mesmo, já que o DMAE pretende entregar a obra em junho do ano que vem.
Bom para a Cidade, bom para a nossa bancada e, por certo, bom para os 33
Vereadores.
Mas, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, devo dizer que espero que o DMAE utilize esses recursos que são de
dinheiro gaúcho com trabalhadores gaúchos, que não o faça com trabalhadores do
Nordeste, ou com empresas de engenharia do Nordeste. Quarta-feira, alertei que
as obras do Pró-Guaíba estão sendo realizadas com operários nordestinos. Esses
operários, provavelmente, vendo os encantos desta Cidade, não vão querer
voltar. Nós temos bastante desemprego, não precisamos gerar mais desemprego. As
empresas gaúchas têm condições e os trabalhadores gaúchos precisam de trabalho.
Já que o dinheiro é do BANRISUL, que sejam utilizados os seus recursos para
geração de empregos para gaúchos.
O segundo Projeto de Lei do
Executivo é aquele que cria 35 vagas de monitor na FESC. É um projeto correto.
Não vou avaliar a sua necessidade, mas é correto porque eles poderiam tentar
fazer o que fazem com a Secretaria de Saúde ou fazer contratações através de
cartas-contrato. A carta-contrato tem sido criticada por mim há bastante tempo.
Somente agora, com o Diário Oficial do Município, podemos ver quantas são
formuladas diariamente. A carta-contrato é uma ilegalidade. Na Lei de
Diretrizes Orçamentárias propusemos uma emenda - houve até uma subemenda -,
onde, por solicitação do Presidente da nossa Comissão de Saúde e Meio Ambiente,
colocamos que as contratações seriam feitas na forma da Lei nº 8666, art. 24,
inciso IV. Ali diz que se faz a contratação em caso de emergência, e o PT
solicitou que eu colocasse “emergência ou calamidade decretada”. Tanto uma como
a outra precisam ser decretadas, e eu não inventei o Decreto nº 8439, do dia 20
de junho de 1984: “Considerem em situação de emergência o Município de Porto
Alegre”. Emergência se decreta. Sem decreto de emergência não existe
emergência, e a Prefeitura Municipal tem abusado, não só usado.
No dia 06 de agosto, o
Diário Oficial traz 20 cartas-contrato. É tão produzida a carta-contrato, que
isso está sendo feito por atacado. Há cartas contratando quatro ou cinco de uma
só vez. No dia 07 de agosto, contratam 25; no dia 11 do mesmo mês, contratam
dez; no dia 28 do mesmo mês, contrataram um advogado certamente para acertar
todas as cartas-contrato, porque a Procuradoria deve estar falida, mesmo tendo
contratado agora oito ou nove em cerimônia. No dia 31 de julho também convoca
outras oito cartas e no dia 23 de junho nove cartas-contrato. Essas são apenas
algumas que olhei, rapidamente.
O DMAE merece a nossa
atenção e a carta-contrato também.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. ADELI SELL: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, sinto-me constrangido por ter de fazer uma
correção a um Vereador que tem sete mandatos aqui nesta Casa - eu, que sou
novato. A calamidade é decretada, meu nobre Vereador, a não ser que tenhamos
documentos diferentes sobre o mesmo tema. Então, temos de checar um com o
outro, mas o que leio, o que sei, o que está escrito é isso. Além disso, há uma
outra correção: as cartas-contrato são legais. Temos de discutir se há
conveniência, se há correção ou não, e jamais discutir a sua legalidade.
O
Sr. João Dib: V. Exa.
permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, a Lei nº 8666 fala
a respeito da emergência e da calamidade pública e ambas só acontecem por
decreto. Eu até li um decreto de 1984, declarando Porto Alegre em estado de
emergência.
O
SR. ADELI SELL: Vamos
pegar os documentos oficiais que o Sr. e eu temos em mãos. Vamos checar e
debater sobre essa questão, porque o que leio na lei é diferente do que o Sr.
diz. Vamos discutir a questão do DMAE e suas importantes obras na Cidade e o
financiamento através do BANRISUL - interessante: através do Banco do Estado do
Rio Grande do Sul, um banco que o Governo do Estado quer liquidar! Não vi nem
ouvi qualquer Vereador, Deputado da base do Governo do Estado e Federal
contestar o que já disse publicamente e disse outras vezes dessa tribuna. O
Governo quer liquidar o BANRISUL, e nós precisamos do BANRISUL para dar
sustentação aos projetos de desenvolvimento do Rio Grande do Sul, a começar
pela Capital dos gaúchos, pela conquista da cidadania, a garantia do serviço
público e contra as barbaridades que são cometidas pelos bancos privados e a
política extorsiva de agiotagem e usura implementada pelo Governo atual. Por
isso é importante que esta Câmara... E fico feliz que o Vereador do PPB, João
Dib, vá pedir urgência para esse Projeto. Honra-nos muito ver esse
reconhecimento da importância por parte de um Vereador que é um crítico
contumaz às administrações do PT.
O
Sr. Sebastião Melo: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Quero, primeiro, somar-me
como cidadão. O BANRISUL é o banco do Rio Grande. E também me somo à luta que o
Governo do Estado tem feito para que esse banco permaneça. E, quando V. Exa.
comenta sobre os juros extorsivos, também tem que comentar os juros que o
PORTOSOL cobra, que são de 3,5%, para os pequenos empresários.
O
SR. ADELI SELL: Ver.
Sebastião Melo, o Sr. não teve a felicidade que tivemos, de fazer esse debate
nesta Casa, já que é suplente. Fizemos essa discussão na Comissão de Economia,
neste recinto.
O
Sr. Gerson Almeida: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Quero concordar, até porque
os contratos leoninos que o Estado fez com a Federação... O Governo se
compromete, em 18 meses, a extinguir o BANRISUL. Então, não somos nem nós que
estamos dizendo, mas o próprio Governo. É só lermos os contratos oficiais. De
outro lado, não podemos ser porta-vozes nem estimular qualquer tipo de
discriminação. Portanto, os trabalhadores do Brasil, sejam nordestinos, gaúchos
ou de qualquer lugar, merecem o respeito, e todos merecem ter direito ao
trabalho, contratados legalmente. O mesmo governo que faz 250 mil desempregados
não pode criar uma xenofobia odiosa contra trabalhadores seja de onde vierem.
O
SR. ADELI SELL: Queria
concluir dizendo que a Lei das Licitações é aberta e nacional, coisa que o Ver.
João Dib desconhece. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, é realmente lamentável que o Ver. Adeli Sell
venha criticar o BANRISUL por este banco estar privilegiando Porto Alegre
concedendo financiamentos, um dinheiro que é destinado ao Governo do Estado e
que esse repassa à Prefeitura de Porto Alegre para realizar os melhoramentos
que a Cidade merece, sem dúvida.
Quanto à afirmação do Ver.
Adeli, de que o Governo pretende liquidar o BANRISUL, não é verdadeira. Eu
estranho muito que o ilustre Vereador tenha informações que ninguém tem, só
ele. Acho que é desejo de outros candidatos essa liquidação do banco, o que não
é verdade.
Venho a esta tribuna para
falar de coisas boas, de como Deus coloca no mundo pessoas com talentos os mais
diversos. Uns desenvolvem seus talentos na família; outros, na política;
outros, na profissão, e assim por diante. Mas Monsenhor Avelino Dalla Vecchia
colocou os seus talentos para servir a Deus e à sociedade. Assim, o Monsenhor
Avelino Dalla Vechia foi Capelão do Colégio do Rosário, foi Professor do
Seminário de Viamão, foi Reitor dos Seminários de Arroio do Meio e de Bom
Princípio. Foi Secretário-Geral da Arquidiocese de Porto Alegre, foi Promotor
do Apostolado da Imprensa, foi Diretor do Jornal do Dia, cursou Comunicação na
Faculdade de Milão, na Itália. Foi Pároco das Paróquias Nossa Senhora
Auxiliadora e São Sebastião. Foi um dos fundadores da nossa querida e estimada
Rádio Aliança FM - 106.3 e do Jornal Novo Milênio.
Toda a sua vida dedicou em
prol do bem comum, do benefício da sociedade. Veio a falecer, há dois anos
atrás, no dia 30 de julho de 1995. E é por isso, Senhoras e Senhores, que
encaminhei nesta Câmara uma homenagem a esta pessoa que dedicou a sua vida para
o bem de todos, para o bem de Porto Alegre, para o bem das suas comunidades,
nas quais atuou. Encaminhei o Projeto denominando uma praça no Bairro Partenon
com o seu nome e tenho certeza da justiça desta homenagem e da aprovação deste
Projeto pelos Srs. Vereadores desta Casa. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. CLOVIS ILGENFRITZ (Requerimento): Sr.
Presidente, V. Exa., de uma forma muito civilizada e muito educada, pediu que
nós tirássemos os “bottons” e adesivos de campanha, informando que poderia
haver problemas com o Tribunal. Estou tirando o casaco, porque eu vou retirar
os “buttons”. Seria interessante que tivéssemos uma comunicação oficial do
Tribunal esclarecendo se no recinto de uma casa política, o lugar mais
representativo da população, não se pode usar um “button”. Gostaria que essa
pergunta fosse respondida oficialmente. Muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE: Ver.
Clovis Ilgenfritz, eu posso dizer a V. Exa. que a NET foi condenada a pagar uma
multa de 20 mil UFIRS porque o Tribunal entendeu que um determinado candidato
foi beneficiado concedendo uma entrevista a um canal de televisão que transmite
a cabo - um dos filiados da NET - e nós, como temos um canal de televisão, o
Canal 16, em conversa com o Desembargador Élvio Schuch, este fez um comentário
dando-nos a entender que esses “buttons” na lapela poderiam significar que os
candidatos da Casa seriam privilegiados, o que poderia ensejar uma
representação contra o candidato e contra o Presidente da Casa. Por isso,
solicito aos Vereadores da Casa que não exibam nas lapelas as suas propagandas
e nem a de seus candidatos.
O
SR. ISAAC AINHORN: Sr.
Presidente, é verdade. Esta Casa é política e, no momento em que todos os
cidadãos estão condicionados a uma lei eleitoral, não podemos nos atribuir
privilégios de proselitismo político usando representações e decalques no
peito. Temos, sim, é que discutir idéias e debater propostas. Esse é o nosso
trabalho. Muito obrigado.
O
SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente, vou seguir a orientação
de V. Exa., mas considero um proselitismo o que foi feito agora pelo Ver. Isaac
Ainhorn.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO (Requerimento): Sr. Presidente, há Vereadores que são
candidatos e outros não; existem Vereadores que ocupam mais a tribuna do que
outros. Evidentemente que a lei deve ser igual para todos. Logo, peço que a
Mesa exare um documento regulamentando e até proibindo, formalmente, o uso de
distintivo e toda e qualquer insinuação de propaganda política, porque me
parece fundamental que isso seja apenas uma questão de justiça e de bom senso.
O
SR. PRESIDENTE: Ver.
Cláudio Sebenelo, todos os Vereadores com que tenho conversado têm atendido a
solicitação e têm retirado a propaganda da lapela. Acredito que não precisamos
partir para nenhum tipo de proibição porque a própria lei já assim o faz.
Pediria que os Vereadores compreendessem, porque não é uma atitude pessoal do
Presidente da Casa. Estou apenas tentando zelar pela legislação e tentando-me
informar o melhor possível para que o Plenário possa também ser informado.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Eu
não quero debater com o ilustre Presidente, mas, se a legislação não é
cumprida, cabe à Casa, até por escrito, fazer cumprir a lei.
O
SR. PRESIDENTE: Agradeço
a V. Exa., mas a legislação está sendo cumprida por este Plenário neste exato
momento.
O
SR. GERSON ALMEIDA: Nós
podíamos começar pelo adesivo na pasta do Ver. Sebenelo.
O
SR. PRESIDENTE: Srs.
Vereadores, peço, por favor: vamos voltar a nossa rotina da Sessão a fim de que
possamos debater aquilo que realmente é importante para a Cidade.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES (Requerimento): Entendo
que a questão é relevante, importante e precisamos algumas diretrizes nesse
sentido. Formularia a V. Exa. um requerimento, cujas proposições a Comissão de
Justiça poderá apresentar, no sentido de consultar o TRE para saber se existe
infração ou não. Por exemplo: sou candidato a Deputado Federal sob o nº 1299.
Se chegar na tribuna e disser que Elói Guimarães é candidato a Deputado Federal
sob o nº 1299, estarei infringindo a Lei Eleitoral?
O
SR. PRESIDENTE: No meu
entendimento, V. Exa. cometeu uma infração neste exato instante. Estou
interpretando a legislação que existe. Pode alguém, agora, que está
acompanhando V. Exa., acreditar nisso e entrar com uma representação contra V.
Exa. e V. Exa. teria sua candidatura negada pela atitude de V. Exa.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES:
Queremos cumprir a lei evidentemente. Por isso estou requerendo a V. Exa. que
formule ao Tribunal um requerimento para que ele esclareça se essas
proposições, dentre as quais uma eu coloquei, infringem ou não a lei. Agradeço
a V. Exa.
O
SR. PRESIDENTE: Ver.
Elói Guimarães, V. Exa é um eminente advogado, é Procurador deste Município, é
uma das pessoas que melhor sabe interpretar legislação dentro deste Plenário e
V. Exa. sabe muito bem que a legislação eleitoral proíbe privilégios a
candidatos. Ora, se isso é verdade, nós temos um canal de televisão que está
transmitindo as nossas Sessões e qualquer atitude que vise a divulgar
candidaturas estará fazendo privilegiamentos e poderia ensejar uma
representação. Isso é mais do que lógico, Vereador. Eu não preciso que o
Presidente do Tribunal me diga isso para que possamos entender esse
detalhamento da legislação. Eu pediria a V. Exa., que é uma pessoa que tem me
ajudado a manter a ordem no Plenário, que me ajudasse nesse detalhe de fazer a
boa interpretação da legislação eleitoral para que possamos manter a Câmara
Municipal longe de qualquer tipo de ação por parte do Tribunal.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Não
seria o caso de formular um requerimento nesse sentido, fazendo uma consulta?
O
SR. PRESIDENTE: Acredito
que não seja preciso. A legislação é muito clara, Vereador. Tanto V. Exa. como qualquer
Vereador da Casa pode interpretar a legislação sem precisar que o Presidente do
Tribunal nos informe sobre qualquer coisa.
O Ver. Renato Guimarães está
com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. RENATO GUIMARÃES:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, foi importante e interessante esse debate
para esclarecer a quem nos ouve em casa o motivo de os representantes dos
cidadãos de Porto Alegre não poderem ocupar este espaço para debater sobre essa
disputa, da qual teremos o resultado no dia 04 de outubro.
Destaco, para debatermos em
Pauta, o Projeto da FESC, que cria 35 cargos de monitor, fazendo referência ao
que o Ver. João Dib disse, que, de fato, quando é possível, a Administração
Popular encaminha o concurso público para contratação. Agora, temos que fazer
um registro, e já comentamos por diversas vezes: o Vereador insiste em bater
numa tecla para transformar a sua afirmação em verdade, tendo em vista as vezes
que a repete.
A Lei nº 8666 não fala em
decreto no seu texto. A palavra decreto está colocada na Lei Orgânica do
Município, e o Vereador sabe disso. Nas atribuições do Prefeito diz que ele
poderá decretar calamidade pública. Em nenhum momento, na Lei Orgânica, está
colocado o decreto de emergência. Ah, mas o Vereador, quando foi Prefeito,
decretou emergência! Mas isso não está na lei. O que está na lei é que
calamidade pública é por decreto e a Lei Federal das Licitações não fala em
decreto.
O
Sr. João Dib: V. Exa.
permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Exa. acompanha os jornais e
deve ter verificado que, recentemente, dezenas de municípios gaúchos decretaram
emergência em razão das águas que invadiram as cidades. Saúde e paz.
O
SR. RENATO GUIMARÃES: O
Vereador insiste na tese, mas não diz se a lei está sendo descumprida ou não.
Não, não está sendo descumprida, porque a lei não fala em decreto, e é isso que
estamos discutindo.
Gostaria de chamar a
atenção, tanto do Vereador autor da proposição como dos demais Vereadores, para
dois projetos de autoria do Ver. Isaac Ainhorn que estão em Pauta.
Um deles trata de
autorização para abertura de um brique no Largo Glênio Peres. Acho que temos
que discutir esse tema com muita atenção e cuidado, porque sabemos que aquele
espaço foi criado para integração e circulação das atividades culturais. A
minha preocupação é que ele perca a finalidade para a qual foi criado.
Também quero registrar a
importância de nós darmos atenção e apreciarmos, com uma certa urgência, esse
Projeto do Executivo que autoriza a contratação de operação de crédito com o
BANRISUL, buscando verbas no FUNDOPIMES. Sabemos da importância que têm
financiamentos como os do FUNDOPIMES, BIRD, para um conjunto de obras de
saneamento básico, obras de infra-estrutura na Cidade de Porto Alegre. Hoje,
Porto Alegre é referência internacional. Busca recursos internacionais para um
conjunto de obras importantes. É o conjunto e a transparência das suas
administrações ao executar obras que trazem qualidade de vida para a Cidade e
que a coloca hoje no cenário internacional, capacitando-a a buscar esses
recursos.
A Casa, com a necessária
observação e debate que se faz, deve autorizar essa contratação de crédito para
que possamos ter mais uma obra contemplada na Cidade de Porto Alegre. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Isaac Ainhorn está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. ISAAC AINHORN: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, já há muitos anos temos um compromisso com o
resgate do Centro da Cidade. Acreditamos que o Centro da Cidade constitui um
dos mais belos centros históricos deste País e alguns desses patrimônios
constituem-se, verdadeiramente, não só em patrimônio dos porto-alegrenses e
gaúchos, mas patrimônio da humanidade. Vejam a Usina do Gasômetro, construída
pela administração trabalhista, hoje um dos mais belos espaços restaurados
desta Cidade. Não nos interessa que partido realiza, mas sim os interesses da
Cidade. Acreditamos que o que é positivo nós temos que aplaudir, seja do PMDB,
do PT ou de outro qualquer partido político. A restauração do Museu de Artes do
Rio Grande do Sul, a construção da Usina do Gasômetro, o Mário Quintana, o
Museu Hipólito da Costa e, agora, o resgate do antigo prédio dos Correios e
Telégrafos, o Mercado Público são obras extremamente importantes, Sr.
Presidente.
Agora, de nada adianta
restaurarmos esses patrimônios históricos e culturais da nossa Cidade se não
desenvolvermos, juntamente com eles, um projeto turístico-cultural para o
Centro da Cidade, que as administrações teimam em não dinamizar. Nesta Casa
nasceu o resgate, que hoje já está como um espaço da Cidade, do Centro 24
Horas. Foi um esforço dessa Casa, do Executivo e da iniciativa privada.
Vejam V. Exas. que, quando
apresentamos um projeto para abertura permanente durante o dia de domingo, em
horário a ser determinado pela SMIC, dos portões do Mercado Público, nós nos
surpreendemos com vozes - isoladas, é verdade - que não querem que se implante,
junto ao Largo Glênio Peres, um brique durante os domingos. Eu gostaria de
informar ao ilustre Ver. Renato Guimarães que o Largo Glênio Peres e que a
implantação de um brique é espaço cultural, é espaço democrático. O Brique da
Redenção, que foi uma obra dos porto-alegrenses, das administrações anteriores,
é uma consagração, Vereador, é cultura, é espaço cultural, é espaço
democrático. De vez em quando vejo V. Exa. até fazendo propaganda política, e
com muita justiça. Não é proselitismo, é propaganda. Faz bem V. Exa., Ver.
Renato Guimarães. Agora, o Largo Glênio Peres é o maior resgate em termos
culturais e turísticos, Vereador.
Vera. Maria do Rosário, eu
não posso dar aparte, mas V. Exa. acena com a cabeça que é a favor da
implantação de um brique junto ao Largo Glênio Peres, porque brique, Vereador,
eu volto a reiterar, é espaço cultural. E digo mais a V. Exa.: o espaço do
Mercado Público, que foi restaurado pelo Governo de V. Exa., que nós
aplaudimos, hoje foi abandonado pela SMIC, pois aquele espaço não tem o
movimento que tinha no passado, não pelo resgate, pelo novo perfil, mas pela
estrutura autoritária da SMIC em relação não só àquele espaço, mas como a todos
os espaços de mercados hoje, na Cidade de Porto Alegre.
Há alguns dias esteve aqui o
Presidente do Mercadão do Produtor da Perimetral e de outros espaços da Cidade,
que lamentaram as pressões que vêm sofrendo por parte da SMIC.
Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, nossa proposta é da abertura do Mercado aos domingos. E quando
sugerimos a abertura dos portões do Mercado Público aos domingos é para que
esse espaço cultural, Ver. Renato Guimarães, possa ser visitado pelos gaúchos,
pelos porto-alegrenses, pelas pessoas que vêm do interior, pelos nossos irmãos
do Prata, que poderão ter um espaço turístico na Cidade de Porto Alegre. V.
Exa. nega os irmãos do Prata, nega o turismo, nega a cultura? Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Guilherme Barbosa está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. GUILHERME BARBOSA: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, seria o caso de dizer ao Ver. Isaac Ainhorn que
ele ia tão bem na primeira parte da sua manifestação, mas errou completamente
na segunda. Eu, inclusive, sou favorável. Tenho simpatia, embora seja um debate
aberto na nossa bancada, à possibilidade de se ter um brique no Largo Glênio
Peres. Mas, Ver. Isaac, eu duvido que ele se crie pelo fato de ser no domingo e
num local da Cidade que não tem uma freqüência muito alta. Mas eu tenho
simpatia, sim, pelo Projeto. E seria um espaço de exposição, de reanimação do
Centro. Mas é uma discussão da nossa bancada.
Quero-me manifestar com
relação ao Projeto de Lei do Executivo pedindo autorização à Câmara de
Vereadores para firmar contrato de financiamento com o BANRISUL, através do
FUNDOPIMES, no valor de 13 milhões de reais para que o DMAE execute obras na
estação de tratamento São João-Navegantes e utilize o restante dos recursos
para substituir rede velha de água que tem um alto índice de vazamento,
portanto dando melhores condições na operação do sistema de água tratada na
Cidade. É um pedido importante - fico contente de ouvir o Ver. João Dib dizer
que já teria pedido urgência - porque faz parte do complexo dessa estação. Com
esses recursos, o DMAE vai comprar equipamentos para o funcionamento desta
estação de tratamento de esgoto, que vai atingir grande parte da Zona Norte da
nossa Cidade, fazendo com que o esgoto seja tratado e não vá poluir o Rio
Gravataí, o que termina, evidentemente, poluindo o Rio Guaíba, dificultado o
tratamento da água pelo DMAE. Embora a água que chega em nossas residências
seja de alta qualidade, é evidente que, se há poluição da água bruta, coletada,
isso encarece o tratamento e, portanto, é uma iniciativa muito importante do
DMAE.
Quero dizer também que
fiquei profundamente sentido com a afirmação do Ver. João Dib em relação à
contratação pelo DMAE de uma empresa nordestina, chamada CONDIC, e que estariam
trabalhando nordestinos em Porto Alegre. Fiquei muito sentido, Ver. João Dib,
como cidadão brasileiro, como nordestino que sou, porque - e é preciso
esclarecer as pessoas que estão aqui presentes e a população de Porto Alegre -
houve uma licitação. Se esta empresa ganhou, foi porque apresentou as melhores
condições ao DMAE, atendeu a todos requisitos técnicos e financeiros. Em
segundo lugar, o nosso País não tem fronteiras. Os gaúchos que estão em
Alagoas, minha terra, sempre foram e serão muito bem recebidos. Não podemos, de
maneira nenhuma, desenvolver a xenofobia em nosso Estado. Viemos aqui para
trabalhar, para conviver com os nossos irmãos gaúchos. Já me sinto - e disse
isso em outra ocasião - um verdadeiro “alaúcho”, porque, dos 46 anos da minha
vida, já estou há 22 anos nesta Cidade na qual escolhi viver, e orgulho-me de
contribuir para o seu desenvolvimento.
Então, não podemos
desenvolver esta prática de xenofobia. Sei que o Ver. João Dib tem origem de
fora do Brasil. A sua família foi recebida neste País de braços abertos, e não
podemos estar alimentando essa prática, que é absolutamente inominável,
inaceitável e que estejamos brigando entre brasileiros.
Também quero me referir a
outro projeto de autoria do Executivo, importante também, e que também foi
elogiado pelo Ver. João Dib, que é um projeto encaminhado pelo Prefeito para
que a Câmara autorize a criação de 35 cargos de monitores que vão trabalhar na
nossa Fundação de Educação Social e Comunitária - FESC para qualificar o
trabalho nos abrigos que são mantidos pela FESC.
As equipes técnicas, que
trabalham nesses locais de atendimento às crianças, aos adolescentes e aos
adultos de rua, são compostas de vários profissionais, como é aqui citado na
Exposição de Motivos do Sr. Prefeito; por psicólogos, professores de educação
física, auxiliares de enfermagem e monitores que estarão, no dia-a-dia,
trabalhando com esta parte da nossa sociedade que é muito carente e que precisa
de muita atenção. É um projeto importante, e acredito que a Câmara irá aprovar
por unanimidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Paulo Brum está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. PAULO BRUM: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, para nós, portadores de deficiência, este ano é
um ano muito importante para a nossa luta, quando comemoramos dez anos de
direitos constitucionais.
Foi a partir da Constituição
de 1988 que passamos a ser considerados cidadãos brasileiros e, a partir de
1988, muitos avanços e muitas conquistas já podemos dizer que estamos
aplaudindo.
Sr. Presidente, eu trago -
não posso dizer que é uma denúncia -, mas estamos preocupados: nós, da
Federação Rio-Grandense de Entidades de Deficientes Físicos, da qual sou o
Presidente, após vários anos de luta e de reivindicação, conseguimos
sensibilizar o nosso Governo do Estado do Rio Grande do Sul para a questão das
órteses e próteses.
Nós, deficientes físicos que
usamos cadeira de rodas, sabemos que a nossa cadeira é a extensão do nosso
corpo. Muitos e muitos anos se passaram com a questão da distribuição de
cadeiras de rodas para os deficientes físicos. Quem fazia essa distribuição era
o INAMPS. Com a universalização do atendimento à saúde, o SUS - Sistema Único
de Saúde - passou a fazê-la. O que sempre nos prejudicava era a questão das
licitações. Pasmem os Srs.: para um deficiente físico receber a sua cadeira de
rodas havia um processo de licitação. Por uma licitação o Governo consegue o
melhor preço, não a melhor qualidade. Por anos e anos, os deficientes físicos
receberam cadeiras de latão, cadeiras descartáveis, pelas quais ainda ficavam
esperando por três, quatro anos.
Conseguimos sensibilizar o
Governo do Estado. O nosso Estado é um dos primeiros a agilizar o processo para
a entrega de cadeiras de rodas. Nós aplaudimos, nós ficamos imensamente felizes
quando o Governo fez um convênio com o Grupo Hospitalar Conceição porque vimos
nisso a possibilidade do fornecimento de cadeiras de rodas condizentes, que
realmente possam facilitar a vida dos portadores de deficiência física. Como
representante da Federação Rio-Grandense de Entidades de Deficientes Físicos,
junto com o nosso coordenador político, colocamo-nos à disposição do Grupo para
orientar qual seria a melhor cadeira.
Eu soube - vou trazer dados
quando os tiver - que, mais uma vez, estão manipulando o fornecimento de
cadeiras de rodas para os deficientes que necessitam de doação. Estou atento e
vou buscar dados para fazer a denúncia, com provas, sobre as empresas de
licitação que trabalham para o nosso Estado, que trabalham para o nosso País.
Pasme, Sr. Presidente: mais uma vez as cadeiras não são aquelas que nós
indicamos, mais uma vez estão querendo colocar cadeiras de latão, mais uma vez
querem fazer isso para os deficientes que precisam e estão, há mais de um ano,
esperando uma cadeira de rodas para tomar sol, para terem direito a sua
integração.
Se isso for verdade,
queremos saber qual é a indústria que manipula as licitações no nosso Estado.
Por isso, Sr. Presidente,
não estou colocando como denúncia. Estou fazendo um alerta, que estamos
atentos, como Vereador de Porto Alegre e como Presidente da Federação de
Entidades de Deficientes Físicos do Estado do Rio Grande, para essas questões.
Isto não vai mais acontecer no nosso Estado. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a
palavra, o Ver. Sebastião Melo em Comunicação de Líder pelo PMDB.
O
SR. SEBASTIÃO MELO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, venho à tribuna ocupar espaço da Liderança para
destacar dois assuntos. Primeiro, destacar a importância da lei que o Senado da
República ontem, em votação simbólica, aprovou, ou seja, enquadra aqueles que
vendem remédios falsos, que destroem a vida dos cidadãos, entre os crimes
hediondos. Portanto, terão que cumprir a sua pena em reclusão, sem direito à
liberdade. Portanto, registro de extrema importância essa iniciativa do
Congresso Nacional que, com certeza, será sancionada pelo Presidente da
República, para que possa se tornar lei e colocar na cadeia esses picaretas que
estão matando milhares de pessoas.
Outro assunto que não
poderia deixar de comentar é a questão do Piá 2000. Projeto de alta relevância,
gestado pelo Governo do Estado, teve início em 1996 e hoje está sendo
implantado em 45 municípios do Rio Grande do Sul, que é o Programa do Leite e
Programa da Renda para os desnutridos. Em Porto Alegre, a Prefeitura, tanto na
gestão de Tarso Genro como na de Raul Pont, negou-se, sistematicamente, a
conveniar-se com o Governo do Estado para, juntos, marcharem nesse processo,
que é reconhecido internacionalmente pela UNICEF.
Em 1996 o Governo do Estado
procurou a gestão Tarso Genro para encontrarem um caminho e encaminhar esse
programa social tão importante para milhares de crianças de rua, para crianças
desnutridas de Porto Alegre, mas não encontrou receptividade. Mesmo não tendo a
parceria da Prefeitura, o Piá 2000, hoje, é uma realidade em Porto Alegre,
porque atende, no Centro Vida, no Murialdo e na Restinga, inúmeras crianças de
zero a seis anos, que estão recebendo, diariamente, um litro de leite para que
seus irmãos possam freqüentar a escola. Essa aferição é feita mensalmente e as
famílias recebem um litro de leite todos os dias. Da mesma forma, o Programa da
Renda Mínima, dentro do Piá 2000, que dá 25 reais para cada criança que vai
para a escola, recebendo 75 reais, no máximo, cada família, que vem dando certo
em Porto Alegre, como vem dando certo em outros 45 municípios do Rio Grande do
Sul.
Eu queria destacar que,
quando o candidato à Presidência da República da Frente Popular veio ao Estado
lançar o seu programa de educação no Estádio Tesourinha, houve uma contradição
entre o discurso e a prática: o discurso é a favor da educação, mas a prática é
renegar programas sérios como o Piá 2000, que não é só reconhecido pela
sociedade gaúcha, mas pela UNICEF, como um programa sério, que está dando certo
e que V. Exas. recusam-se a fazer parceria com o Governo do Estado. Mesmo
assim, o Governo do Estado está fazendo a sua parte para Porto Alegre - aliás,
como tem feito na universalização da luz, botando luz em centenas de vilas de
Porto Alegre, para milhares de companheiros.
Então, quando o candidato a
Presidente da República vem a Porto Alegre lançar o seu programa de educação,
tem um discurso que é a favor da educação, mas é contra a criança de rua,
porque foi contra o convênio do Piá 2000 com o Governo do Estado. É contra a
criança desnutrida, porque não quis fazer parceria com o Governo do Estado.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Renato Guimarães está com a palavra em Comunicação de Líder.
O
SR. RENATO GUIMARÃES:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em primeiro lugar, esta Casa está esclarecida
sobre a acompanhamento que se deu na Cidade de Porto Alegre ao Projeto Piá
2000. O Governo do Estado desrespeitou a legislação, não encaminhando o projeto
aos Conselhos. Não encaminhou o Piá 2000 ao Conselho Estadual e aos Conselhos
Municipais. O Projeto Piá 2000 não foi apresentado ao Conselho Municipal de
Assistência Social e ao Conselho Municipal da Criança e do Adolescente em Porto
Alegre. Qual o objetivo? Com o objetivo de envolver as bases de campanha e não
apresentar um projeto sério à sociedade. Esse é o registro que se faz, e os
Vereadores que são sérios sabem que essa discussão veio para cá. Porto Alegre,
sim, quer desenvolver qualquer projeto que atenda crianças, que atenda
adolescentes, mas para isso existem os fóruns que esta Casa aprovou. E os
Conselhos Municipais, temáticos, são fóruns desta Casa.
Fica aqui a denúncia de que
o Governo do Estado descumpriu a legislação em relação a esses projetos
citados. Em relação ao Renda Mínima, aí está uma grande falácia, porque o
Governo do PMDB diz que está fazendo, e não está fazendo nada. Porto Alegre tem
um programa, sim, em dez unidades operacionais, que atende mais de 700 famílias
com bolsa-auxílio. Este, sim, é um programa de renda mínima, não essa falácia
que se desenvolve em dois cantos da Cidade com 80 famílias sendo atendidas
lá, dizendo-se que isso é renda mínima.
Mas eu vim à tribuna para
pedir explicação aos partidos que apóiam o Governos FHC e Britto, do PMDB. Nas
vendas que entregaram as empresas públicas - a Vale do Rio Doce, a CEEE, a CRT
-, foram levantados quatro bilhões e 938 milhões. Essa foi a receita levantada
com a entrega do patrimônio público. O discurso era de que precisavam ser
vendidas para aplicarem na assistência social, na saúde, na educação. Eu
pergunto aos Vereadores que apóiam esses governos: onde esse dinheiro está
sendo aplicado? Ver. Sebenelo, é interessante que V. Exa. traga essas
explicações a este Plenário, pois os cidadãos de Porto Alegre precisam saber
aonde está indo o dinheiro das privatizações. São quatro bilhões e 900 milhões.
Em saúde aplicaram 34 milhões, 0,71%. Mas o discurso não era para a área da saúde?
Mas o discurso não era porque tinham que vender a CEEE, a CRT para melhorar a
qualidade de saúde, Ver. Sebastião Melo? Para onde está indo o dinheiro da
CEEE? Só com a venda da CEEE, Vereador, foram levantados três bilhões. Para
onde o seu partido está destinando esse dinheiro, que não apresenta aqui neste
balanço? O que apresenta aqui é que a Secretaria de Desenvolvimento de Assuntos
Internacionais já recebeu 571 milhões - portanto, 11% -desses recursos
arrecadados. Mas como? Assuntos internacionais? Para a GM e Ford já foram 10%
desse valor. Mas o Governo falava era que essas empresas seriam vendidas para
aplicar na área da saúde, da educação. Onde está o trabalho e ação social? É
isso aí, Vereador. Vamos nos coçar, porque é necessário.
A Bancada do PT, os cidadãos
de Porto Alegre, do Rio Grande do Sul e do Brasil querem essas explicações. São
cinco bilhões de reais que sumiram, e nós queremos as explicações para onde
foram esses recursos. Sr. Presidente, esta Casa precisa dessas informações. Por
que esses recursos não foram para a assistência social, saúde, habitação e para
as políticas sociais, como era o discurso dos Governos FHC e Britto? Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Antonio Hohlfeldt está com a palavra em Comunicação de Líder pelo PSDB.
O
SR. ANTONIO HOHLFELDT:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a manobra diversionista dos companheiros do PT
já conhecemos de sobra aqui na Câmara.
O
Sr. Renato Guimarães: Manobra?
O
SR. ANTONIO HOHLFELDT: Vereador,
eu respeito V. Exa. e gostaria que V. Exa. se respeitasse! Gostaria que o Sr.
Presidente me garantisse o tempo. O Vereador deve conhecer o Regimento. Outra
manobra diversionista do PT, aliás, é não respeitar o Regimento da Casa e
interromper sempre e sempre os discursos das Lideranças, e isso acontece sempre
neste Plenário, motivo pelo qual, inclusive, vou pedir que outra tribuna seja
criada na Casa.
Manobra diversionista que
gosta de repetir sempre as mesmas coisas, porque não têm outras para dizer, que
ignora as respostas, os encaminhamentos que são dados e, sobretudo, na questão
do problema do Estado, ignora que é fundamental nós resolvermos algumas
questões básicas como, por exemplo, o Fundo de Aposentadoria dos professores.
Boa parte desse dinheiro - 800 milhões de reais - foi encaminhada, exatamente,
para a criação do Fundo de Aposentadoria do professorado do Rio Grande do Sul.
Quanto à Vale do Rio Doce,
sabemos, está amplamente noticiado - o Ver. Renato Guimarães pelo jeito não lê
jornal - que esse dinheiro da Vale do Rio Doce foi aplicado, exatamente, na
dívida social, porque foi aplicado para pagar a dívida interna, que é uma das
piores coisas que prejudica o País.
Vera. Maria do Rosário, V.
Exa. também vai desrespeitar o Regimento? Vai ficar muito chato isso!
Vou desafiar o Ver. Renato
Guimarães. Documento contra documento. Trago aqui o documento da renda mínima
de 517 crianças na Vila do Murialdo, 825 crianças na Vila Vida Viva e, da
Restinga, 924. Eu trago o documento e quero ver o documento que o Vereador vai
trazer da Prefeitura. Aí nós vamos começar a discutir.
(Aparte anti-regimental.)
Ver. Renato Guimarães, por
favor! Respeite-se!
O
SR. PRESIDENTE: Interrompo
o tempo do Ver. Antonio Hohlfeldt para pedir aos Vereadores que respeitem o
Vereador na tribuna. O Ver. Antonio Hohlfeldt está novamente com a palavra.
O
SR. ANTONIO HOHLFELDT:
Ver. Renato Guimarães, o PSDB, o PMDB, o PPB, o Governo do Estado não têm a
prática da cooptação das famílias. Nós não costumamos trazê-las aqui como se
tenta fazer no Orçamento Participativo. Nós fazemos o que é de obrigação do
Governo, nada mais do que isso.
Mas eu gostaria de ouvir
explicações, por exemplo, do Ver. Clovis Ilgenfritz, que, na segunda-feira, me
atacou fortemente quando eu comentava projeto do Ver. Adeli Sell, dizendo que
eu estava atrasado com relação a conceitos de “rururbano”, que não era bem
isso, etc.
Assistimos aqui, na
quarta-feira, aos depoimentos e documentos que aqui estão, do Instituto dos
Arquitetos do Brasil e da Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul. Se eu
tivesse dado cópia do meu discurso ao IAB e ao CREA, não teriam sido tão
semelhantes as colocações das duas instituições quanto foram as minhas palavras
aqui na segunda-feira.
Quero lembrar o que disse,
entre tantas coisas, o representante do CREA: “Ampliar a área urbana sobre a
área rural de Porto Alegre é ampliar gastos fantásticos da Prefeitura de Porto
Alegre, porque vai expandir a Cidade sobre áreas que não possuem
infra-estrutura e não vai ocupar a Cidade na área que já possui infra-estrutura”.
Disse aqui também outro
representante, com absoluta clareza, que essa ampliação nada mais vai ser do
que caixa da Prefeitura, ou seja, cobrança de IPTU. E certamente vamos ouvir,
na próxima quarta-feira, por parte dos representantes do INCRA, que a desculpa
que a Prefeitura usa para fazer essa ampliação, que é coibir loteamentos, etc.,
a Prefeitura não faz porque não o quer. Não é a presença do INCRA nessa área
que impede a ação da Prefeitura em fazê-lo. Ao contrário, é a omissão da Prefeitura,
é a incapacidade, é a incompetência da Prefeitura em fazê-lo. E, na
quarta-feira à noite, num programa de televisão, ouvia de um empresário da área
da construção civil que levou oito meses para conseguir aprovar o seu projeto.
E eu dizia para ele que, se passar a nova lei do Plano Diretor, vai levar 12,
16, 20 meses, porque as tais das discussões e dos acertos que vão se dar junto
ao Poder Público Municipal, as exigências que vão se dar de investimentos de
infra-estrutura para então, sim, liberar os projetos, mas aí faturar
politicamente, vão ser mais exigentes.
Gostaria, depois, de ter
explicações do Ver. Clovis sobre se quem estava atrasado era eu ou era S. Exa.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Carlos Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. CARLOS GARCIA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, hoje, na imprensa de Porto Alegre, num jornal de
circulação estadual - a Zero Hora -, saiu um grande artigo sobre a “Lei que
propõe reserva de mercado musical”, mais especificamente, um projeto de nossa
autoria que dispõe sobre a abertura de “shows” internacionais que ocorrem em
Porto Alegre. Este Projeto foi aprovado, nesta Casa, por unanimidade, e hoje,
no bojo dessa matéria, saíram alguns depoimentos que entendemos importante
fazer algumas correções a respeito deles.
Este Projeto entrou nesta
Casa no dia 09 de junho de 1997 e, no dia 27 de junho, procuramos a Ordem dos
Músicos do Brasil para fazer uma discussão do Projeto. Eles colocam que não
participaram da elaboração do Projeto. Realmente, não participaram da
elaboração, mas ajudaram na discussão. Este Projeto foi tramitando e procuramos
todos os segmentos. Este ano, no dia 24 de março, a Comissão de Educação
promoveu uma reunião onde participaram a Sra. Isabel Arian e o Sr. Airton
Pimentel Silveira, Presidente e Vice-Presidente, respectivamente, do Sindicato
dos Compositores Musicais do Rio Grande do Sul, que foram totalmente
favoráveis, e logo após nos convidaram para participar de um projeto chamado RS
Música na Assembléia, para o qual tinham sido convidados quatro parlamentares -
Senador José Fogaça, Deputado Federal Jarbas Lima, Deputado Estadual Bruno
Neher e este Vereador. Tivemos a oportunidade de discorrer sobre o Projeto e,
após, fizemos uma reunião com o segmento da área empresarial.
A Emenda aqui apresentada
propõe que àqueles locais com capacidade de até duas mil pessoas não se
aplicaria a lei. E de onde surgiu essa proposta? Com a classe produtora, mais
especificamente a OPUS-Promoções, que nos colocou a dificuldade, por exemplo,
no Theatro São Pedro, pela questão do palco, e o material musical de
determinados artistas, que complicaria a sua execução de remoção de aparelhos;
que, nos “shows” ao ar livre ou em grandes locais, não haveria esse problema,
já que a superposição de aparelhos é perfeitamente factível. Inclusive o Ver.
Clovis Ilgenfritz foi o relator, colocando essas dificuldades, e foi em função
disso que houve essa reunião com a classe empresarial produtora dos eventos.
O que estamos propondo é que
essa discussão seja cada vez mais ampliada em nossa Cidade. Continuamos com a
mesma convicção, que é a convicção da Casa, de que esse Projeto venha a
beneficiar os músicos locais, não com o sentido, como alguns falaram, de uma
esmola a mais. É realmente a oportunidade de valorizar, conceituar e promover
novos talentos que, tenho certeza, surgirão em nossa Cidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
João Dib está com a palavra em Comunicação de Líder.
O
SR. JOÃO DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, a Pauta de hoje, como todos os dias de Pauta,
recebeu cinco inscrições, três do PT.
O primeiro orador em Pauta
foi este Vereador, que colocou as suas posições em relação a dois Projetos de
Lei do Executivo. Pedi urgência para um, pois interessa ao DMAE, à Cidade de
Porto Alegre, ao saneamento e à saúde. O outro é sobre a criação de 35 cargos
de monitor da FESC.
Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, aos três Vereadores do PT parece que falta criatividade e fica só a
preocupação de, sem argumentos consistentes, desfazerem aquelas colocações por
mim trazidas. Fui acusado de xenofobia. Meus pais vieram casados do Líbano, e
eu nasci aqui na querida Cidade de Vacaria. Libaneses - e me orgulho muito da
ascendência libanesa - são criaturas que se adaptam perfeitamente à terra onde
passam a viver quando deixam o seu querido Líbano, sem nunca esquecer o Líbano,
sem nunca deixar de ensinar seus filhos a respeitar o Líbano, mas colocando em
primeiro lugar a terra onde vivem. Libanês no Brasil é mais brasileiro do que
qualquer outra coisa!
Nasci em Vacaria. Fui criado
em Caxias, mas em Porto Alegre me realizei. Sou gaúcho por todos os títulos, e
eu quero que aos gaúchos, sem nenhuma xenofobia, sem nenhuma preocupação de
isolar o Rio Grande do resto do Brasil, quero que aos gaúchos sejam dadas as
oportunidades que as riquezas gaúchas podem proporcionar. Não fiz nada mais do
que isso. Não vejo por que trazer empresa nordestina para resolver os nossos
problemas de saneamento em Porto Alegre. Apenas isso eu coloquei.
No outro Projeto, eu disse
que elogiava a Prefeitura pela criação de cargos, que era uma forma legal de
resolver os problemas. A Prefeitura, que, em 31.12.1989, tinha 20 mil
servidores entre ativos e aposentados, e hoje tem mais de 27 mil, teria que
explicar esse número. Mas, além dessa quantidade imensa - 35% mais -, tem
cartas-contrato todos os dias. E diz o Ver. Renato Guimarães que é legal,
porque a lei, segundo ele, não diz que a emergência precisa ser decretada. Eu
vou fazer um estudo, Ver. Renato Guimarães, em homenagem a V. Exa., para
mostrar que precisa ser decretada a emergência, como também deve ser decretada
a calamidade pública.
Eu mostrei aqui um decreto
que foi assinado por mim quando Prefeito. Por isso não referi isso, mas o
Vereador disse que não tinha valor, porque fui eu que assinei como Prefeito.
Foi decretada emergência em Porto Alegre, como foi decretada emergência em
vários municípios gaúchos no ano de 97 e agora, em 98. Então, emergência se faz
por decreto.
Mas vamos ao dicionário,
pura e simplesmente. O que é emergência? Emergência é situação crítica. Então,
esta Prefeitura está sempre em situação crítica, está sempre mal administrada,
está sempre mal organizada. É o que o PT me diz, porque está sempre em estado
de emergência. Emergência é situação crítica. E há dez anos eu reclamo desta
tribuna. Até juiz de futebol foi contratado com carta-contrato. Advogado, com
carta-contrato; enfermeiro, com carta-contrato; auxiliar de enfermagem, com
carta-contrato; médico, com carta-contrato. É uma emergência permanente, é uma
situação crítica permanente, é uma incompetência generalizada e permanente. É
não saber ler a lei.
Esta Casa tem mostrado
condescendência com todos os projetos do Executivo. Será que esta Casa não
daria ao Prefeito a oportunidade de abrir novas vagas para médicos, enfermeiros
e auxiliares de enfermagem? Ou será que as cartas-contrato são feitas para os
apaniguados? É isso que eles querem que eu diga? Eu nunca disse isso, mas agora
tenho que dizer. Deve ser para chamar os petistas para trabalhar na Prefeitura.
Eu não faço isso, mas estão me obrigando a dizer, porque não me respondem
perante a lei a razão de tantas cartas-contrato. São milhares de
cartas-contrato. Não se trata de uma, duas ou cinco. São cartas-contrato
renovadas. Alguns servidores da Prefeitura estão contratados por dois anos,
pela renovação conseqüente de cartas-contrato, e alguns concursados precisando
serem chamados e não tendo vaga. Aí, fazem carta-contrato. Deve ser para os
amiguinhos, para os “amigos do rei”. Nunca quis tratar o problema desta forma,
mas estão me levando a tratá-lo assim, porque, ao invés de combaterem as
colocações que aqui faço com a mesma dignidade, eles querem sempre dizer que o
Ver. João Dib não está preparado. Não, eu estou preparado. Eu leio, eu estudo,
eu examino, eu gosto de Porto Alegre.
Então, quando quiserem
debater emergência, lembrem - diz o dicionário: emergência é uma situação crítica. Estamos há dez anos com
situação crítica que só pode enganar pela massificação publicitária. Para o ano
que vem querem 15 milhões de reais para publicidade. Emergência, situação
crítica, crítica daqueles que só sabem responder dizendo que lá, não se sabe
onde, fazem e que lá adiante também fazem. Não, Porto Alegre é a situação
crítica que deve ser examinada pela Câmara, pelos seus 33 Vereadores que têm
responsabilidade nos limites do Município; fora dele, não. Saúde e paz! Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Está com
a palavra o Ver. Adeli Sell para um requerimento.
O
SR. ADELI SELL (Requerimento): Solicito
à Mesa Diretora desta Casa que as cópias das notas taquigráficas da intervenção
do Ver. João Dib sejam enviadas para a Comissão de Constituição e Justiça desta
Casa para uma análise das questões ali colocadas, pois não pode pairar dúvida
nem sobre nós, Vereadores, que estaríamos sendo coniventes com questões
equivocadas, e nem pode pairar dúvida sobre a Administração Pública Municipal.
O
SR. JOÃO DIB (Requerimento): Sr.
Presidente, estou entusiasmado com a
solicitação do Ver. Adeli Sell. Gostaria de ouvir a Comissão de Justiça sobre
emergência, calamidade pública e decreto.
O
SR. NEREU D’ÁVILA: Sr.
Presidente, gostaria de fazer uma reclamação. Na quarta-feira, Sessão anterior
a esta, o Frei Irineu, da Igreja Santo Antônio, gentilmente nos brindou com uma
estátua de Santo Antônio, uma linda estátua com mais de 50 cm de altura com a
qual fomos brindados. Lamentavelmente, deixei a estátua na minha tribuna e
ausentei-me ao final da tarde; ao regressar, minha estátua havia desaparecido.
Solicito a V. Exa. outra estátua, sabendo de seu prestígio junto à Igreja Santo
Antônio, ou encontre alguém que tenha sido visto com duas estátuas embaixo do
braço. Reclamo porque há algumas eleitoras minhas, casadoiras, que telefonaram,
aflitas, pois iria dar a estátua a elas.
O
SR. PRESIDENTE: V. Exa.
sabe que temos aqui um número muito grande de devotos de Santo Antônio. Alguém,
vendo a imagem sobre a mesa de V. Exa., não percebendo que ela lhe pertencia,
levou para poder cultuar.
Acabo de receber a
informação de que a imagem de V. Exa. foi encontrada. Foi recolhida por aqueles
que cuidam do Plenário logo após o término da Sessão. Imediatamente, a imagem
será passada às suas mãos.
Havendo quórum, passamos à
O Ver. José Valdir solicita
Licença para Tratamento de Interesses Particulares no dia de hoje.
O Ver. Antônio Losada
solicita Licença para Tratar de Interesses Particulares no dia de hoje.
(Obs.: Foram aprovados os Requerimentos de licença dos Vereadores José Valdir e Antônio Losada e dada posse aos Suplentes conforme consta na Ata.)
O
SR. JUAREZ PINHEIRO (Requerimento): Sr.
Presidente, na qualidade de 1º Secretário, temos que diligenciar sobre as
proposições que são apreciadas na Ordem do Dia, junto com a Diretoria
Legislativa e com V. Exa. Há uma pauta extensa e temos, no mínimo, seis
requerimentos importantes que tratam de renovação de votação ou de urgência de
projetos. Solicitamos que, ao entrarmos na Ordem do Dia, esses requerimentos
possam ser apreciados em primeiro lugar.
O
SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr.
Presidente, para que possamos decidir com tranqüilidade, gostaria de saber
quais são os requerimentos que solicitam urgência. Se vamos participar de uma
decisão favorável, gostaríamos de ter conhecimento dos conteúdos dos
requerimentos.
O
SR. PRESIDENTE: Srs.
Vereadores, o Ver. Juarez Pinheiro fará a leitura dos Requerimentos.
(O Sr. 1º Secretário lê os
Requerimentos.)
Em votação o Requerimento do
Ver. Juarez Pinheiro para inversão, para que esses Requerimentos sejam votados
em primeiro lugar. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentado. (Pausa.) APROVADO.
Requerimento de autoria do
Ver. Jocelin Azambuja, que solicita renovação de votação do PLCE nº 001/98 -
Proc. nº 087l/98.
Em votação. A Vera. Maria do
Rosário está com a palavra para encaminhar.
A
SRA. MARIA DO ROSÁRIO:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu quero dizer que, em primeiro lugar, lamento
o Requerimento de renovação deste processo. Nós aprovamos este Projeto por
ampla maioria neste Plenário, porque ele trata da obrigação que o Município tem
de constituir um conselho municipal de acompanhamento e controle social do
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do
Magistério - o FUNDEF, um fundo federal que repassa recursos para o Município e
que sobre ele muitas críticas existem no meio dos trabalhadores de comunicação,
e que, enquanto Vereadora, inclusive, eu tenho, e tenho certeza de que muitos
Vereadores neste Plenário têm, principalmente por esse fundo não reconhecer
como prioridade a educação e não repassar recursos aos municípios para os
alunos de zero a seis anos e também à educação de jovens e adultos. Mesmo com
essa crítica, é obrigação do Município ter um conselho para gerenciar esses
recursos que chegam até aqui.
Sr. Vereadores, o prazo para
aprovar este Projeto era de antes do recesso – portanto, no final de junho. Nós
aprovamos o Projeto, mas, por discordância do Vereador que solicita a
renovação, na formação do Fundo, na composição daqueles que participam do
Fundo, nós estamos com o processo trancado até o dia de hoje. Então, solicito
aos Srs. que possamos rejeitar a renovação de votação, porque ela não é
princípio, porque o importante é que o Projeto passe ao Executivo e que o
conselho seja constituído. A nossa discordância com o Vereador que apresentou a
Emenda, quando ele incorporou aqui, por exemplo, a UMESPA, é que não havia a
concordância daquela entidade em participar do conselho do Fundo.
Srs. Vereadores, eu já fiz
legislações sobre determinados conselhos e pude observar que o mais importante
na conformação de um conselho é a ciência das entidades que estão sendo
indicadas. O Projeto original apresentou aqui a obrigatoriedade da
representação de pais, alunos e funcionários. Indicar a entidade no Projeto
pode significar não ter o quórum necessário para gerenciar o Fundo, que é de
toda a sociedade. Srs. Vereadores, não tem aqui uma carta das entidades que
estão sendo indicadas pelo Vereador dizendo que desejam participar e que têm
condições de participar? Isso é muito sério. Não vamos ficar trancando o
Projeto por algo que, genericamente,
está colocado como representação de pais, alunos, funcionários, escolas,
e que depois se normatiza, e aí as entidades que reivindiquem participar, mas
vamos tocar o Projeto adiante.
Solicito que, talvez de uma
forma ímpar, votemos contra a renovação de votação, não que o debate não seja
importante, mas porque para nós é importante que exista o conselho. E depois a gente
vai ver quem vai compô-lo.
Muito obrigada. Espero ter
sido compreendida. Não há qualquer censura ou discordância com as entidades,
mas o desejo de que a gente toque para frente isso, que é um conselho para a
administração social dos recursos do FUNDEF.
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE: Está em
votação o Requerimento.
A
SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sinto
que o Plenário ficou confuso, Sr. Presidente. Solicito esclarecimentos sobre o
Requerimento.
O
SR. PRESIDENTE: O Sr. 1º
Secretário vai ler a justificativa do Requerimento.
O SR. 1º SECRETÁRIO: (Lê.)
“O
presente Projeto aprovado, pela natureza de seu conteúdo altamente importante
para a área da educação, teve uma emenda do Ver. Paulo Brum rejeitada por
apenas um voto, sendo que a mesma previa apenas a inclusão de representantes
dos pais e estudantes indicados pela ACPM/Federação e UMESPA, entidades que já
ocupam posição semelhante no Conselho Municipal de Educação. Em razão de alguns
Vereadores não terem tido oportunidade de votar a matéria, requeiro a renovação
de votação para não penalizar as entidades citadas.”
O
SR. PRESIDENTE: Em
votação nominal, por solicitação do Ver. Juarez Pinheiro, o Requerimento que solicita renovação de votação do PLCE nº 01/98.
(Após a chamada.) REJEITADO por l2
votos SIM, 14 votos NÃO e 01 ABSTENÇÃO.
Em votação Requerimento de
autoria do Ver. João Dib, que solicita renovação de votação do PLCL nº 05/96.
O Ver. Guilherme Barbosa
está com a para encaminhar.
O
SR. GUILHERME BARBOSA:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu tenho adotado um certo procedimento nas
questões de renovação de votação. Embora haja uma certa tendência na Casa em
aprovar todos os pedidos de renovação de votação, eles são um instrumento
poderoso e temos que ter alguns critérios.
No processo que está em
andamento para ser votado nesta Casa, com parecer favorável do Ver. Pedro
Américo Leal, estabelecem-se alguns critérios que determinam que a renovação de
votação deve-se fazer quando a diferença entre votos “sim” e “não” seja
pequena.
Quero relembrar que, quando
votamos este Projeto de Lei, foi aprovado por 17 votos a seis. Havia,
inclusive, duas ausências, por força maior, da Bancada do PT. Dezessete votos a
seis, Srs. Vereadores: uma diferença de 11 votos. Portanto, não há
justificativa. Foi este o resultado - onze votos de diferença. Não há, do ponto
de vista formal e político, o que determine a renovação desta votação.
Há um estudo técnico a que
tive acesso, preparado pelo Engenheiro Sérgio Diogo da Silva, que encaminhou ao
SINDUSCON, e em nenhum momento ele consegue quantificar esta modificação, que é
justa, para que cada um pague aquilo que consome de água, nada mais nada menos
- que se pague apenas o que se consome de água. Em nenhum momento, em três
páginas, ele diz o quanto vai aumentar. Vai aumentar, sim, já disse desta
tribuna, mas é um valor absolutamente irrisório.
Há pouco distribuí para os
colegas Vereadores cópias de leis com este mesmo teor em três localidades do
nosso País: a Cidade de Guarulhos, interior de São Paulo; Cidade de Santo
André, em que, desde 1994, há esta medição individual de água; no Estado do
Paraná inteiro, em que há lei estadual sancionada pelo Governador do Estado -
desde o ano de 1994 os edifícios têm medição individual de água. Agora, já
temos na Cidade de São Paulo, Capital do Estado. Um Vereador do PPB apresentou
uma lei para todos os edifícios.
Portanto, esta é uma questão
de justiça. Só se deve pagar a água que se consumir; não pode ser pela média. A
questão técnica está toda superada. O próprio relatório do Engenheiro Sérgio
Diogo diz isso. Tem técnico para resolver isso. Aumenta? Aumenta pouquíssimo. O
aumento é irrisório. Numa votação que deu 17 a seis, com 11 votos de diferença,
qual é o sentido de renovar essa votação?
Peço aos Vereadores para que
não se faça essa renovação de votação para não banalizarmos o instrumento na
renovação. Se houvesse uma diferença pequena ou se alguns Vereadores não
estivessem presentes, aí, sim, inclusive eu votaria a favor da renovação de
votação, mas 11 votos de diferença não dão motivo. As alegações técnicas são
superficiais. Tenho argumentos que, caso seja renovada a votação, colocarei
todos: números falsos do Engenheiro Sérgio Diogo, que disse que precisaria, no
exemplo que ele dá, de 15 metros de fachada, o que não é verdade, pois o
hidrômetro pode ser colocado em cima do outro; ele disse que aumentaria de 120
para 600 metros, o que é verdade, mas o metro de cano custa 50 centavos. O
aumento que aconteceria seria em torno de 20 reais para cada moradia. Então,
aumenta, mas é um aumento irrisório e o benefício social é muito grande.
Digo, então, Srs.
Vereadores, que não há, neste momento, motivo para renovação. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
João Dib está com a palavra para encaminhar.
O
SR. JOÃO DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, a colocação que faz o autor do Projeto, Ver.
Guilherme Barbosa, de que a votação foi bastante diferenciada - 17 a seis -
poderia valer se nós não tivéssemos que considerar que o Projeto precisava de,
no mínimo, de 17 votos para a sua aprovação. Um voto equivocado, apenas, e o
Projeto poderia não ser aprovado. Alguém que votou favoravelmente, mas que
tivesse conhecimento de alguns dados a mais, poderia mudar o seu voto.
Eu devo dizer que, quando do
debate da discussão do Projeto, eu deixava claro aqui que eu entendia que não
era um projeto favorável ao DMAE, e se não é favorável ao DMAE não é favorável
à Cidade. Eu dizia que aumentariam custos e distribuí depois, já que recebi
cópia desse documento que o Ver. Guilherme Barbosa se referiu, de uma empresa
de porte, de gente competente e que diz da sua contrariedade como técnico,
porque o credo do engenheiro diz assim: “Eu sou engenheiro e me orgulho de o
ser”. Mas também diz que aprovará e aplaudirá as boas medidas, fazendo as
críticas necessárias, porque é questão profissional.
Eu pedi diligência ao DMAE
para que ele dissesse da sua posição em relação ao problema. Não me foi
respondido. Pedi, logo após a votação, um contato com o Diretor Dieter
Wartchow, que ficou de me dar uma resposta, mas ainda não me deu. Mas tudo bem:
é um direito dele e eu respeito, porque tenho por ele muita consideração.
Considero-o um jovem muito competente e de grande futuro.
Mas aqui há uma empresa que
teria vantagens em que as coisas fossem mais elaboradas como pretende o
Projeto. Ele diz:
“A partir de cada
hidrômetro, será estendida uma tubulação de PVC de 25mm (3/4) até o
reservatório superior individualizado. Usando o exemplo anterior, cada bloco
necessitará de 18 reservatórios superiores, 18 barriletes e diversas colunas
d’água com significativo aumento no custo das instalações. As instalações não
se fazem só canos; se fazem com mão-de-obra também. Deixo de levantar as
incompatibilidades e interferências que acontecerão entre os projetos
arquitetônicos e os complementares face à grande extensão de tubulações
horizontais e verticais. Haverá maior custo para o DMAE no que se refere às
despesas com leitura, emissão de contas, cobrança, manutenção dos hidrômetros e
até mesmo com a ligação do ramal predial, a qual hoje é subsidiada. E diz
realmente o fato que o Ver. Barbosa levantou, quanto aos condomínios
horizontais. Vamos exemplificar com um terreno medindo 20m de frente por 120m
de profundidade, onde possam ser construídas 16 residências geminadas, com dois
pavimentos, todas dotadas de reservatórios superiores. No sistema atual, o
alimentador predial utilizaria no máximo 126m de tubulação a partir do
hidrômetro geral até o último reservatório. Com a nova lei, necessitaremos de 600m
de tubulações para atender os mesmos reservatórios.”
É claro que esses
reservatórios e a colocação de 600m de cano devem ser acompanhados de
mão-de-obra, que é sempre bastante elevada. Na realidade, o fator trazido, dos
15m de fachada, o Ver. Guilherme Barbosa disse que pode ser colocado um
hidrômetro acima do outro. Deve ser muito fácil de ler depois.
Então, a renovação de
votação que estou pedindo é porque eu gostaria da informação do DMAE. Se ele
disser que é bom para ele, é bom para a Cidade, terá o meu voto, com toda a
tranqüilidade. Por isso peço a renovação de votação, e não por outro motivo.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Reginaldo Pujol solicita Licença para Tratar de Interesses Particulares no dia
de hoje.
(Obs.: Foi aprovado
Requerimento de licença do Ver. Reginaldo Pujol e dada posse ao Suplente
conforme consta da Ata.)
A Vera. Anamaria Negroni
solicita Licença para Tratamento de Saúde no dia de hoje.
(Obs.: Foi apregoado Requerimento de licença da Vera. Anamaria Negroni e dada a posse ao Suplente conforme consta na Ata.)
Em votação o Requerimento do
Ver. João Dib. O Ver. Guilherme Barbosa solicita votação nominal. (Após a
chamada.) REJEITADO por 08 votos SIM, 16 votos NÃO e 04 ABSTENÇÕES.
Requerimento, de autoria do
Ver. Nereu D’Ávila, solicitando a retirada do Substitutivo nº 01 ao PLL nº
054/91, e Requerimento, do mesmo autor, solicitando que o PLL nº 054/91 seja
encaminhado à Comissão de Justiça para novo Parecer, tendo em vista a Resolução
nº 2301.
Em votação. O Ver. Nereu
D’Ávila está com a palavra para encaminhar.
O
SR. NEREU D’ÁVILA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, vou esclarecer aos meus nobres pares o conteúdo
do Requerimento. Refere-se a um Projeto de Lei de minha autoria, de abril de 1991,
que quer modificar o horário de atendimento ao público nas instituições
financeiras do Município. Esse Projeto recebeu, ao longo dos primeiros anos,
inclusive do próprio Ver. Isaac Ainhorn, meu colega de bancada, Parecer da
Comissão de Justiça, em 1992, a respeito da inconstitucionalidade da matéria,
porque se entendia que essa matéria era
de exclusiva competência do Banco Central. Na época, havia essa contrariedade.
O tempo passou, e fomos aguardando.
O Jurista Ely Lopes
Meirelles, que é uma das maiores autoridades em Direito Administrativo,
incontestável no Brasil, também referia que, quando se tratasse de questões que
envolvessem uma centralidade da União - no caso, o Banco Central -, embora a
Constituição tratasse das questões peculiares aos municípios, que prevaleceria
a disposição da União.
Apresentamos um
Substitutivo, onde trocávamos a centralidade da questão, buscando alternativas.
Mas, como diz o ditado popular, “o tempo é o senhor da razão”. O nosso
Substitutivo previa a criação de caixas externas para o atendimento, porque
acabávamos concordando com a questão do Banco Central, pois, evidentemente, não
poderíamos desconhecer algumas decisões do Supremo em relação à matéria. O
Substitutivo criava postos de atendimento e pagamento - PAPs - para receber
contas, fazer operações. Então, nós tínhamos o Substitutivo para desviar a
inconstitucionalidade dos horários. Mas agora surgiram dois fatos novos, e é
isso que traz o Requerimento. O primeiro fato novo é que o Sr. Gildo Russowsky,
Presidente do Sistema Financeiro gaúcho, colocou uma circular onde é proibida
esta questão dos postos de atendimento, a não ser em casos especiais. Então,
liquidou com o Substitutivo, e nós estamos pedindo a retirada do Substitutivo
por isso.
Eu pergunto ao Sr. Presidente
se disponho de mais tempo, porque vou entrar no tema principal.
O
SR. PRESIDENTE: V. Exa.,
como autor do Requerimento, pode encaminhar pelo Partido, o PDT, tendo mais
cinco minutos.
O
SR. NEREU D’ÁVILA: Obrigado,
Sr. Presidente. A questão, Vera. Maria do Rosário - inclusive V. Exa. tem
proposta da alteração desta questão dos bancos; nós estamos em contato com o
Sindicato dos Bancários -, é que surgiu agora, a favor do nosso Projeto, que o
próprio Banco Central baixou a Resolução 2301, em Brasília, de 25 de julho de
96, que diz o seguinte: “Art. 1º - Faculta às instituições financeiras e demais
instituições autorizadas a funcionar a seu critério, no horário de atendimento
ao público nas respectivas sedes e demais dependências, observando o seguinte:
I - O horário mínimo de expediente para o público será de cinco horas diárias,
ininterruptas, com atendimento obrigatório no período das 12 às 15 horas,
horário de Brasília.” Quer dizer o seguinte: tem um horário mínimo e tem que
ser cinco horas ininterruptas. Então, não prevê horário máximo. Depois, diz que
cada dependência é obrigada a fixar em local visível ao público um quadro
contendo respectivo horário de atendimento. “Parágrafo primeiro - A fixação de
horário prevista neste artigo independe de comunicação ao Banco Central do
Brasil.”
O que ocorre? O Banco
Central, de moto próprio, agora permite aos municípios legislar de acordo com o
seu peculiar interesse na questão de horário, desde que mantenham cinco horas
diárias ininterruptas, com atendimento obrigatório no período das 12h às 15h de
Brasília. A partir de 1996, caiu a questão de o Banco Central legislar horário para todo o Brasil. O Banco
Central envia à Constituição Federal, que diz da peculiaridade dos municípios.
Antes, o Banco Central não abria mão. Era ele que determinava o horário para
todo o País. Eu acho que essa flexibilidade é altamente consentânea com a
realidade, porque não se pode comparar a Cidade de Santa Vitória do Palmar, no
extremo sul gaúcho, com Manaus, que tem o fuso horário. O anoitecer em Santa
Vitória não é o anoitecer de Manaus. Então, acho que o Banco Central veio ao
encontro das peculiaridades da própria natureza, da própria geografia, do
tamanho deste País.
Vera. Maria do Rosário, V.
Exa. também queria uma legislação para alterar horário, só que o próprio
Sindicato dos Bancários do ABC Paulista apresentou uma proposta de ampliação de
atendimento bancário, e foi feita uma pesquisa por esse documento, onde fazem
perguntas a respeito do atual atendimento bancário. Uma delas é: “Qual é o
melhor horário para atendimento bancário?” Das 9h às 17h, que é a nossa
proposta, teve um total nacional de 61%. Na Zona Sudeste, foi de 64%. Na
pesquisa do Brasil todo, não baixou de 60%, sendo que o total geral foi de 61%.
Requeiro, agora, a retirada
do Substitutivo nº 01 e que a Comissão de Justiça volte a refletir sobre o
assunto, porque não há mais impedimento constitucional do Banco Central.
Finalmente, Vera. Maria do Rosário, solicito o seu apoio, pois o Sindicato do
Bancários solicitou uma audiência pública para ouvirmos a sociedade, todos os
setores interessados na matéria. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a
palavra, a Vera. Maria do Rosário para encaminhar.
A
SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, em especial Ver. Nereu D’Ávila, com quem estamos
trabalhando esta questão já há alguns anos, com projetos que tramitam desde
momentos diferentes, mas paralelamente, e que propõem a ampliação do horário de
atendimento bancário em Porto Alegre. É importante dizer que quando esses
Projetos, tanto o do Ver. Nereu D’Ávila quanto o meu, iniciaram a tramitar
nesta Casa, o meu Projeto datado de 1993, não tínhamos essa resolução do Banco
Central, em que pese o entendimento, desde então, de que assuntos de interesse
municipal, interesse dos munícipes, certamente dizem respeito a esta Câmara
Municipal. Portanto, também o horário de atendimento bancário já dizia, ao
nosso ver, respeito à deliberação desta Câmara. Está mais claro, neste momento,
quando existe uma Resolução do Banco Central que possibilita a ampliação do
horário bancário.
Quero justificar a V. Exas.
a importância desses projetos que tramitam e que, certamente, poderemos
coesionar numa única proposta para que Porto Alegre possa, pioneiramente,
oferecer à sua população um melhor atendimento de serviço bancário. Quando
fizemos o debate acerca das filas - proposição do Ver. Juarez Pinheiro -,
tivemos o calor da população demonstrando o desejo de um melhor atendimento.
Ora, Srs. Vereadores, vivemos
um período em que a automação toma conta, mas as filas também tomam conta. Não
condiz com a realidade uma estrutura financeira, uma estrutura de atendimento
ao público como é a dos bancos, que abrem às 10h e fecham às 16h ou 15h. Não
está adequada ao ritmo da nossa economia e das relações da nossa época,
especialmente quando os bancos fazem muita propaganda, Ver. Nereu D’Ávila, de
que podemos acessar via “on line”, via computador, mas isso é verdade apenas
para uma minoria. O aposentando, o funcionário público para quem não se entrega
talão de cheques porque o salário pago é muito baixo não faz parte dessa
realidade, e quem não tem essa possibilidade de acesso é obrigado a ficar nas
filas intermináveis do sistema bancário. Quantas vezes, passando em frente de
um estabelecimento bancário em dias de pagamento das pensões do INSS, das
aposentadorias, vemos aqueles senhores e senhoras formando filas na porta dos
bancos?
Do ponto de vista da geração
de empregos, Srs. Vereadores, Porto Alegre tinha 20 mil bancários em 1994; em
1998 temos 12 mil. Existe uma queda livre no nível de emprego e a automação não
justifica, porque o atendimento não melhorou. Não basta a automação; é preciso
o elemento humano. E, quando propomos por lei municipal, e o Ver. Nereu D’Ávila
também o faz, ampliar o horário de atendimento bancário, nós queremos um melhor
atendimento para a nossa população, mas temos a ciência de que serão
necessários mais trabalhadores nesse setor, mais empregos, menos filas, melhor
atendimento, e não estamos legislando sobre matéria de natureza trabalhista,
porque não podemos e não queremos. Queremos que a jornada dos trabalhadores
bancários permaneça em seis horas de trabalho, como o é por determinação
federal, das relações federais estabelecidas. Na Câmara de Porto Alegre não se
está mexendo na jornada de trabalho do trabalhador bancário - é de seis horas a
sua jornada. Ampliando o horário de atendimento bancário, seguramente, esses
que têm obtido lucros exorbitantes neste País, que receberam benesses absolutamente
absurdas em alguns momentos, como observamos através do Governo Federal, que
foram os bancos com bilhões de reais no último ano, serão obrigados a empregar
mais trabalhadores, e não permitir continuar demitindo, como observamos nos
dias de hoje.
Então, Srs. Vereadores,
manifestamos a nossa disposição de votarmos favoravelmente ao Requerimento de
autoria do Ver. Nereu D’Ávila, de compilarmos os nossos projetos, de
concluirmos o que é melhor para a Cidade, de desafiarmos o interesse de muitos
banqueiros, mas, fundamentalmente, gerarmos mais empregos e melhor qualidade no
atendimento da nossa população. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE: Em
votação os Requerimentos de autoria do Ver. Nereu D’Ávila. Os Srs. Vereadores
que os aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADOS.
O
SR. 1º SECRETÁRIO:
Requerimento nº 183/98, de autoria da Mesa Diretora, que destina o Grande
Expediente da Sessão Ordinária do dia 31 de agosto para homenagear o Sr.
Adaucto Vasconcellos.
O
SR. PRESIDENTE: Solicito
ao Ver. Isaac Ainhorn que assuma a Presidência dos trabalhos para que eu possa
fazer um encaminhamento.
O
SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn):
Em votação. O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar.
O
SR. LUIZ BRAZ: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, esta matéria foi suscitada, inicialmente, por um
membro da Mesa, Ver. Clovis Ilgenfritz, que solicitou à Mesa e ao Plenário a
realização de uma homenagem durante uma Sessão desta Casa em memória ao nosso
grande amigo Adaucto Vasconcellos.
A Mesa prontamente aquiesceu
ao pedido do Ver. Clovis Ilgenfritz e escolheu uma data que não poderia existir
melhor, porque o dia 31 de agosto marca, exatamente, Ver. Lauro Hagemann, um
mês do falecimento do Adaucto Vasconcellos como, também, marca o início das
comemorações do aniversário da Câmara Municipal.
Esse Requerimento faz com
que aquele dia, uma segunda-feira, o Grande Expediente seja votado para
homenagearmos o Adaucto.
Sempre que falamos a respeito do Adaucto fazemos questão de dizer
que ele foi uma figura extremamente importante para as vitórias que o PT obteve
aqui dentro do Plenário. Mas independente daquilo que ele foi, do que ele
representou para o PT durante todo o tempo em que aqui esteve, ele foi um amigo
de todos os Vereadores e bancadas. Acredito que esse Requerimento faz justiça,
pois faz com que possamos reverenciar a memória de uma figura que é querida por
todos nós, a memória de alguém que foi extremamente representativo para todos
nós.
Acredito que todas as
bancadas desta Casa terão orgulho de comparecer a esta tribuna no dia da
homenagem ao Adaucto Vasconcellos para fazer uma homenagem que é devida a ele,
a toda a sua família e a todos aqueles que conheceram o Adaucto, e, por o terem
conhecido, tenho certeza absoluta de que trazem nas suas memórias os bons
momentos que pudemos conviver com o Adaucto em todos esses anos que ele esteve
conosco, neste Plenário.
Portanto, quero dizer que
acolhemos, por unanimidade, a sugestão do Ver. Clovis Ilgenfritz para que a
Mesa encampasse esse Requerimento que estamos submetendo, nesse exato instante,
a este Plenário. Eu tenho certeza absoluta de que este Plenário vai ter muito
orgulho em poder prestar uma homenagem à memória de quem, realmente, nós sempre
consideramos como nosso amigo. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Pedro Ruas está com a palavra para encaminhar pelo PDT.
O
SR. PEDRO RUAS: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, é para nós um momento de emoção poder encaminhar
favoravelmente este Requerimento da Mesa, que homenageia a memória do nosso
amigo, do nosso companheiro, do nosso professor Adaucto Vasconcellos, que nós
chamávamos, carinhosamente, de Embaixador. Eu dou o meu testemunho pessoal. Sei
que represento aqui não só, formalmente, a Bancada do PDT, como também
represento, neste tipo de manifestação, tenho certeza, o conjunto desta Câmara
Municipal.
O Embaixador foi para todos
nós um modelo de dedicação, um modelo de amizade e de companheirismo, uma
pessoa sempre compreensiva e, acima de tudo, disposta a ajudar. Ao longo dos
anos em que atuou nesta Câmara Municipal, o Adaucto Vasconcellos fez uma
verdadeira escola, Ver. Clovis Ilgenfritz, que, com uma idéia brilhante,
originou esta manifestação da Mesa, através deste Requerimento. Aliás, eu
estive com o Ver. Clovis Ilgenfritz na cerimônia fúnebre do nosso amigo
Adaucto, e nós vimos que as pessoas que, de uma forma ou outra, conviveram com
o Adaucto trazem no coração uma saudade que nunca terá fim. O Adaucto sempre
esteve ao lado de cada pessoa que precisava de uma palavra de apoio, de um
conselho, de um amigo por perto. Aqui na Câmara ele se revelou o 34º Vereador,
um homem que, com a sua história política, a sua biografia, engrandeceu esta
Casa, mostrando que é possível realizar um tipo de trabalho de representação do
Executivo junto ao Legislativo com honra, com dignidade, com capacidade, com
denodo e, acima de tudo, com uma extraordinária vontade de servir.
Na minha avaliação pessoal,
a marca mais importante do Adaucto - além da lealdade e da competência
extraordinária, que já foram aqui mencionadas e serão ainda mais da tribuna -,
a mais forte, a que mais fica é a vontade de servir. O Adaucto era um homem
dedicado profundamente aos interesses de Porto Alegre, onde ele entendia que
deveríamos ter todos, acima de tudo, independentemente de divergências de
caráter partidário ou ideológico, Porto Alegre como o nosso norte, como o nosso
rumo, como o nosso grande compromisso. Trazendo experiências de outras
atividades - todas brilhantes -, o Adaucto colocou para nós, aqui no
Legislativo de Porto Alegre, uma outra forma de encaminharmos o nosso trabalho.
Ele nos ensinou bastante, e mais do que “embaixador” ele merecia o título de
“professor”. Por isso o encaminhamento, obviamente, é favorável a esta
homenagem justíssima que a Casa fará ao Adaucto Vasconcellos.
Aproveito para dizer a V.
Exa., Sr. Presidente, que no ano de 1986, há 12 anos, quando V. Exa. era
Vereador, e eu também, tivemos um requerimento do Ver. Werner Becker
solicitando que aquela cadeira onde sentava o Ver. Valneri Antunes tivesse uma
placa com o nome do Ver. Valneri Antunes. O requerimento foi aprovado, e a
placa chegou a ser colocada, e deve agora ser recolocada no Plenário antigo, o
Plenarinho. Faço uma sugestão à Mesa, como de resto a todo Plenário, de que
aquela cadeira, a cadeira do Adaucto, tenha também uma placa dizendo “Adaucto
Vasconcellos, o Embaixador”. Que conste ali, naquela cadeira, que ficará para
sempre vazia, independentemente de que outras pessoas, com brilhantismo, venham
a ocupá-la, mas que fique o registro para as gerações futuras e para os
Vereadores e funcionários que nos sucederão nesta Casa saberem que ali, Vera.
Tereza Franco, sentou uma pessoa que marcou a história do Legislativo, que
marcou, efetivamente, a vida de cada um de nós. Eu tenho certeza que esse
singelo reconhecimento, marcando aquela cadeira vazia com uma placa que
registre que esta cadeira era usada por Adaucto Vasconcellos, o Embaixador...,
e que a sua presença se fará sempre sentir.
Esta é a sugestão que faço à
Mesa e gostaria que fosse encaminhada dentro dos trâmites e da nossa legislação
interna da Casa. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: A Vera.
Tereza Franco está com a palavra para encaminhar.
A
SRA. TEREZA FRANCO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, não poderia deixar passar em branco, quando se
fala nessa pessoa que eu agradeço a Deus por ter chegado há tempo de
conhecê-lo. Neste ano, durante oito meses, aprendi muito com ele. Quando eu
chegava, ele já me perguntava: “Como está, Vereadora? O seu projetinho está
tramitando? Não tem nada para eu levar para a Prefeitura?”.
Foi uma pessoa que sempre me
tratou com carinho. Foi mais um dos meus professores que eu tive aqui na
Câmara. E eu não poderia deixar de expressar o meu carinho, o meu respeito e
parabenizar, também, por esse dia 31, em que, nem que seja de graça, estarei
aqui para prestar esta homenagem a ele. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
João Motta está com a palavra para encaminhar.
O
SR. JOÃO MOTTA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, gostaria também de fazer o registro, em nome da
Bancada do PT, de apoio à sugestão feita pelo Ver. Clovis Ilgenfritz, e
acolhida prontamente pela Mesa, de prestarmos esta homenagem, dentro do Poder
Legislativo local, em reconhecimento pela trajetória, pela conduta que esse
cidadão sempre teve na relação entre o Poder Executivo local e o Legislativo
Municipal.
Quero destacar duas
qualidades que me parecem muito fortes na sua trajetória política, muitas vezes
esquecidas, principalmente das gerações mais recentes. A geração de militância
política a que pertenceu Adaucto primou por esses dois aspectos que me parecem
importantes relembrar e que eram muito fortes na sua personalidade política.
A primeira qualidade é a
preocupação com a formação política, com a leitura. Percebia-se, em qualquer
conversa, em qualquer diálogo sobre política, que ele era um homem sempre
preocupado em se manter atualizado com relação a todo o debate feito no
interior da esquerda brasileira nesses anos mais recentes, principalmente após
a queda do muro do Leste Europeu. Essa qualidade, presente na antiga geração de
revolucionários produzidos pela esquerda brasileira, era muito presente na
figura política do companheiro Adaucto.
A segunda característica,
importantíssima também, era aquilo absolutamente visível na sua conduta
cotidiana: o diálogo. O Adaucto conseguia, ao mesmo tempo, ser um homem de
posições e opiniões políticas fortes, definidas, e ter a sensibilidade de
dialogar com todos os Vereadores, independentemente das suas opções
ideológicas. Essa qualidade também expressa a qualidade de um militante que,
com a sua idade, conseguia ser contemporâneo, porque, ao mesmo tempo em que
acompanhava a evolução teórica do debate que ocorre hoje no interior da
esquerda e era um homem de posições políticas claras, tinha a sensibilidade de
ouvir, de dialogar com todas as bancadas, com todos os Vereadores,
independentemente de opções ou de definições político-ideológicas.
Por essas razões é mais do
que justa a homenagem que, neste momento, a Câmara de Porto Alegre faz. Acima
de estar homenageando um militante político, que é importante ser lembrado
neste momento, a Câmara está prestando uma homenagem a um cidadão que queria o
melhor para a sua Cidade, que amava esta Cidade e estabelecia, portanto, a
partir desse preceito, desse pressuposto ético e moral, toda a sua conduta,
todas suas movimentações no interior da Câmara Municipal.
Portanto, era um homem de
valores, isso é uma raridade no mundo atual.
Por essa razão é justa a
homenagem. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a
palavra, o Ver. João Dib para encaminhar.
O
SR. JOÃO DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, a amizade com Adaucto Vasconcellos vem desde o
gabinete do Prefeito José Loureiro da Silva. Por isso, acho que, deste
Plenário, quem mais tempo conviveu e teve amizade com ele foi este Vereador, em
seguida, o Ver. Lauro Hagemann - talvez no mesmo tempo, porque ambos eram
jornalistas.
Conhecendo Adaucto Vasconcellos
como conheci, tenho absoluta convicção que ele gostaria do silêncio desta Casa
para homenageá-lo. Foi feito um minuto de silêncio. Ele gostaria do silêncio.
Mas, como todas as Lideranças estão falando, não quero que ele, a quem conferi
- e a Casa, por unanimidade, aprovou - o título de “embaixador”, lá no céu
esteja olhando e diga: “será que o Pedro Américo Leal, o João Carlos Nedel e o
João Dib estão brabos comigo, pois todas as Lideranças falaram e eles não?”.
Não. Nós continuamos gostando do embaixador, fato que ocorria em vida. Tínhamos
por ele profundo carinho, respeito e consideração pelo homem simples, íntegro,
honrado e absolutamente solidário, que sabia respeitar esta Casa, sabia
respeitar o Executivo onde trabalhava e sabia amar esta Cidade.
Por isso, querido Adaucto
Vasconcellos, a Bancada do PPB está aqui, dizendo que nós estamos presentes,
torcendo por ti, esperando que lá do céu você nos mande uma informação boa,
como fazia quando aqui estava. Saúde e paz! Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Gilberto Batista está com a palavra para encaminhar.
O
SR. GILBERTO BATISTA:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em nome do Partido da Frente Liberal, eu não
poderia deixar de encaminhar, com muita emoção, favoravelmente a essa homenagem
justa ao amigo Adaucto Vasconcellos. Os mais antigos, com assento nesta Casa,
têm a possibilidade de chamar o Adaucto de amigo. Este Vereador teve, por um
ano e oito meses, a possibilidade e a satisfação de conhecer essa pessoa que transitava
em todas as bancadas desta Casa. O Adaucto foi uma pessoa de posições firmes,
como disse o Ver. João Motta, mas sempre tinha um jeito político de tratar as
coisas, e dificilmente a Administração Popular vai encontrar uma pessoa que aja
dessa maneira.
Adaucto Vasconcellos tinha
um jeito todo especial de fazer política que muitos homens públicos não têm.
Por isso quero prestar essa homenagem, em nome do PFL, no dia 31, para saudar o
velho Embaixador. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Cláudio Sebenelo está com a palavra para encaminhar.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, este breve tempo de um ano e oito meses em
que conheci o Adaucto Vasconcellos foi o suficiente para entender a sua
grandeza humana. Adaucto transitava pelos corredores da Câmara com toda a
desenvoltura, com extrema simplicidade, a simplicidade dos inteligentes, dos
talentosos, dos competentes. Sabia perfeitamente a mecânica da Casa. Ele era um
compêndio de relações humanas. Chamá-lo de “embaixador” era muito pouco pelo
que ele representava de sensatez e de “algodão entre os cristais” em tantas
pelejas e tantas disputas em um local de disputa, em um local de atrito, em um
local de antagonismo. Indiscutivelmente, com a sua paciência e a sua alegria, o
seu senso de humor permanente escondia, por trás, grandes dramas humanos que
viveu com sua família, com os problemas da sua família e principalmente com as
dificuldades, pela sua humildade, pela sua postura, pelo seu exemplo como homem
público.
No dia do seu enterro, o
Ver. Renato Guimarães telefonou-me e deu a infausta notícia. Imediatamente, eu
fui o Estádio do Internacional. Era sábado de tarde e consegui, depois de
vencer obstáculos burocráticos imensos, a bandeira do Internacional. E lá no
seu caixão pairava aquilo que ele talvez mais gostasse na vida, que era do seu
Inter. Principalmente às segundas-feiras, trazia o humor e a “flauta” para a
bancada gremista desta Casa – aliás, ele passou a vida inteira como um grande
“flautista”, porque a bancada gremista, com essa vocação que tem para vice,
recebia todas as flautas de Adaucto Vasconcellos.
Por isso, pela sua grandeza,
pela sua postura como homem público, pelo seu humor cativante e inteligente,
Adaucto Vasconcellos mereceria muito mais que essas nossas homenagens. Às vezes
nos confrontamos com a nossa pequenez perante o mérito imenso desse homem,
desse homem discreto. O que mais chamava atenção na sua personalidade era
indiscutivelmente a sua discrição, a sua capacidade de fazer amigos e,
principalmente, a imensa contribuição que deu a todos nós, não só como exemplo,
mas como uma forma exemplar de vida, vida cheia de percalços e vitórias, mas
apenas no último momento é derrotado pela doença, como uma fatalidade da vida,
só por isso. Mas ele vive permanentemente em nossos corações.
É uma pena que as nossas
homenagens sejam tão pequenas para um homem gigantesco! Muito obrigado.
(Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Em
votação o Requerimento. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
(Obs.: Foram aprovados os demais Requerimentos constantes na Ata.)
Não havendo quórum, estão
encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão às 12h27min.)
*
* * * *